
Guedes, na sua costumeira arrogância, deixou escapar, a uma semana das eleições, que do plano de voo para um (cada vez mais improvável) próximo mandato de Bolsonaro constaria reduzir o já reduzido salário mínimo no Brasil. A proposta faz parte de um estudo da equipe econômica como sugestões para o “equilíbrio dos gastos” e o combate à inflação.
Segundo o estudo, Bolsonaro deixaria de reajustar o salário mínimo com a inflação passada. Ou seja, o poder de compra despencaria com o aumento da carestia. No Brasil, 57 milhões de trabalhadores ganham até um salário mínimo, sendo 21 milhões de aposentados.
Se essa ideia tivesse sido aplicada desde o início do mandato de Bolsonaro, o salário mínimo hoje estaria por volta de R$ 850,00, em vez de R$ 1.212,00.
Depois do vazamento, Bolsonaro, cinicamente, passou a prometer, no horário eleitoral, que aumentará o salário mínimo em termos reais, coisa que não fez nos quatro anos do primeiro mandato. Coisa inútil, porque não vai se eleger mesmo…
A perversidade planejada para quem ganha o mínimo e os aposentados, segundo Guedes explicou em reunião ministerial presidida por Bolsonaro, que ficou famosa pela exposição em rede nacional, foi, com sucesso, aplicada nos servidores públicos. “Nessa confusão, a gente aproveita que estão distraídos, finge que somos amigos, dá um abraço e já colocamos a granada no bolso deles (servidores) e aí, dois anos sem reajuste”, detalhou.
Com a arrecadação de 4 trilhões, setecentos e trinta bilhões de reais (32% do PIB) e gasto financeiro com juros de 2 trilhões e 400 bilhões de reais, mais da metade da arrecadação, Bolsonaro planeja meter a mão em quem ganha salário mínimo e nos aposentados (já cortou do orçamento da Educação e da Saúde) para sustentar, e se possível aumentar, o gasto com os rentistas.
CARLOS PEREIRA