Quem não se submete é agredido por milícias bolsonaristas. Caiado não conseguiu falar em evento oficial. Bolsonaro deu força a grupo que vaiou governador. Cada dia são menos aliados. Só ficam os cúmplices
Com exceção de alguns mamadores do “orçamento secreto” e integrantes do “batalhão azov” de Bolsonaro no Congresso, cada dia mais gente quer distância do “mito” e de sua desastrosa forma de conduzir o país. Todos assistem o Brasil à deriva com a inflação em disparada, a renda caindo e o desemprego de quase 12 milhões de pais de família.
O último a ter um entrevero com Bolsonaro foi o governador do estado de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). Questionado por apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada, nesta terça-feira (3) sobre vaias recebidas pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil), em um evento oficial do governo federal, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que “ele colhe o que ele planta”.
Caiado foi hostilizado por bolsonaristas e pelo próprio chefe do Executivo Federal. O episódio ocorreu em 20 de abril, onde um grupo de bolsonaristas impediu Caiado de falar num evento oficial no estado. Ou seja, Bolsonaro agora diz que o governador fez por merecer.
Na ocasião , Caiado ainda tentou que o presidente fizesse seu pessoal parar, mas não conseguiu. “Queria pedir ao presidente para informar aos desinformados que, em 1989, ninguém tinha coragem de ser candidato a presidente para defender produtor rural. Na primeira eleição, foi Ronaldo Caiado que saiu presidente da República”, alegou o governador.
O prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale, também fez aceno semelhante ao do presidente. “O nosso inimigo, presidente, não está desse lado da trincheira, não. Nós temos que mirar nossas armas pro outro lado da trincheira”, disse o prefeito, sem sucesso. Sem conseguir discursar, Caiado disse que continuará “devolvendo Goiás aos goianos e o Brasil aos brasileiros.”
Veja o momento em que bolsonaristas vaiam Caiado
O que Bolsonaro quis dizer com esse ataque a Caiado em pleno Goiás é que qualquer um, mesmo conservador como o governador goiano, que não se submeta à a cartilha fascista de Bolsonaro , ele atiça a sua milícia para agredir, vaiar e hostilizar. Foi exatamente isso o que ocorreu neste episódio do dia 20 de abril, de regularização fundiária de entrega de títulos de terra em Rio Verde (GO). Caiado não conseguiu falar. Tentou várias vezes e foi impedido pelos bolsonaristas.
Desde o início da pandemia, Caiado e Bolsonaro já trocaram algumas farpas. Em 2020, os desentendimentos eram em razão de divergências em assuntos sanitários.
Caiado já havia sido contra o projeto genocida de Bolsonaro de impedir a vacinação das pessoas e provocar a morte de milhares de brasileiros. Agora, Bolsonaro quer adesão às suas intenções golpistas. Exige que todos se alinhem com ela. A cada dia que passa, como dissemos, mais gente se afasta dele. Esse foi o caso, por exemplo, do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (União Brasil), e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que esta semana condenaram os ataques de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal.