Insinou que, se eles o condenarem, não são isentos
O ex-presidente Jair Bolsonaro pôs em dúvida a isenção de juízes para julgá-lo.
A fala foi feita em meio ao avanço das investigações sobre sua tentativa de instalar uma ditadura.
Em um evento no Rio de Janeiro, Bolsonaro falou que “não tenho medo de qualquer julgamento, desde que os juízes sejam isentos”.
Para ele, isentos seriam aqueles que fecharem os olhos para seus crimes.
Na sexta-feira (15), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo de todos os depoimentos no inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado.
Diversos depoentes confirmaram que Bolsonaro produziu decretos presidenciais para concretizar o golpe, mas não os assinou por falta de apoio das Forças Armadas.
Os ex-comandantes do Exército, general Freire Gomes, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Baptista Junior, contaram que foram convocados para reuniões nas quais Jair Bolsonaro pediu apoio para anular as eleições.
Os dois depoimentos foram disponibilizados na íntegra pela decisão de Alexandre de Moraes.
No evento, Bolsonaro fez-se de vítima e disse que “não faltarão pessoas para te perseguir, para tentar te derrotar, para te acusar das coisas mais absurdas”.
Seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, fechou um acordo de delação premiada e tem cooperado com a investigação passando datas das reuniões, conteúdo de conversas e toda a movimentação de Jair Bolsonaro para tentar permanecer no poder.
Cid contou à Polícia Federal que o assessor de Bolsonaro, Filipe Martins, levou para o então presidente um rascunho de decreto presidencial para anular as eleições.
Jair Bolsonaro fez alterações no texto para, depois, levar a proposta de golpe aos chefes das Forças Armadas.
Tanto Freire Gomes quanto Baptista Junior negaram o apoio e se mantiveram ao lado da democracia. O ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, falou que apoiaria a intentona bolsonarista.