O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que “Bolsonaro deseja é ter uma PGR (Procuradoria-Geral da República) sob seu comando”.
“Por isso, não respeitará a lista tríplice. As acusações que a família e seus laranjas sofrem terão bem mais dificuldades de irem adiante. A PGR precisa de autonomia funcional, não de tutela”, denunciou o senador, líder da oposição, nas redes sociais.
A crítica do senador foi em resposta às declarações de Bolsonaro que pretende aparelhar a PGR, escolhendo um nome fora da lista tríplice eleita pelos procuradores, organizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).
Os subprocuradores da República Mário Bonsaglia (ficou em primeiro lugar), Luiza Frischeisen e Blal Dalloul são os mais votados da lista.
Em sua declarações Bolsonaro sinaliza que quer nomear um procurador-geral atrelado a si e sem independência, conivente com o desmatamento. Para ele, um procurador-geral preocupado com o meio ambiente é “xiita ambiental”, “radical” ou “estrela”. E o combate à corrupção não é prioridade. “O MP (Ministério Público) tem que se preocupar em combater a corrupção, mas também infraestrutura, que não seja um xiita ambiental, que entenda minoria como minoria”, disse a jornalistas.
A preocupação com o meio ambiente não é de jeito nenhum coisa de “minoria”.
Bolsonaro já atacou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) por este detectar as movimentações financeiras suspeitas de seu filho Flávio, e de Fabrício Queiroz.
E ordenou que Paulo Guedes, ministro da Economia – para onde o Coaf foi transferido – que demitisse o presidente do órgão, Roberto Leonel de Oliveira Lima, nomeado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro. Tudo porque Leonel declarou que a suspensão das investigações com base em informações do Coaf – tomada por Dias Toffoli – prejudicará o combate à corrupção, narcotráfico, sonegação e outros delitos.
Bolsonaro está irritado com o ministro Sérgio Moro porque este se reuniu com Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), no fim de julho, para tentar convencê-lo a revogar a suspensão das investigações com base nos dados do Coaf.
Também está insatisfeito com os auditores da Receita – e não apenas os auditores fiscais que localizaram as irregularidades nas declarações de seu irmão. Ver Depois do Coaf, Bolsonaro reclama que a Receita não protege ilícitos do seu irmão
Ele acusou a Receita de estar infiltrada por “petistas” que estariam “perseguindo sua família”.
Bolsonaro declarou na semana passada que o subprocurador Augusto Aras “ganhou um pontinho mais positivo” para ser indicado novo procurador-geral da República em resposta às críticas da imprensa.
Aras já se reuniu 6 vezes com Bolsonaro desde que começou a discussão sobre o preenchimento do cargo.
Nem Deltan Dallagnol é bem visto por Bolsonaro. Cobrado por bolsonaristas que apelam pelo procurador à frente da PGR, Bolsonaro respondeu com má vontade: “Manda ele me procurar, por que não me procurou até hoje? É muito simples. Todos querem ser procurados. Eu não procurei ninguém. A caneta BIC é minha”.
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