Admitindo que perdeu a eleição, ele reconheceu que o povo quer mudanças, mas que “pode ser para pior”. “Política é um self-service. Vocês têm eu, Lula, Ciro, a ‘estepe’ e a ‘trambique'”, afirmou Bolsonaro
Ao comentar o resultado da eleição em que foi derrotado por Lula por seis milhões de votos de diferença, Jair Bolsonaro admitiu que a população quer mudanças. “O povo sentiu o aumento dos produtos, especialmente da cesta básica”, disse ele. “Entendo que é uma vontade de mudar de parte da população”, acrescentou.
“Qualquer mudança pode ser para pior”, argumentou Bolsonaro, como se seu governo não tivesse sido muito pior para a vida do povo, com o agravamento sem precedentes da situação econômica do país. É só ver o número de brasileiros passando fome: são 33 milhões de pais de família que não têm o que comer.
Depois de ser obrigado a admitir que o povo não está satisfeito com seu governo, ele partiu para o ataque às senadoras Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil). “Quem entra no meu lugar? A política é um self-service. Vocês têm eu, Lula, Ciro, a ‘estepe’, a ‘trambique’, que é decoradora sabe daquilo, né? A decoradora. E acabou. Não adianta procurar. É o que está ali, pô”, afirmou.
O desrespeito às mulheres já é uma marca registrada de Jair Bolsonaro. Já nos primeiros debates eleitorais, ele agrediu jornalistas mulheres – foi o caso de Vera Magalhães -, fez ameaças e, depois, ofendeu a senadora Simone Tebet (MDB). No último debate, a vítima de suas agressões machistas foi a senadora Soraya Thronicke (União Brasil). Agora, ele a desrespeita novamente chamando-a de “trambique” e de “decoradora”.
A declaração afrontosa às senadoras foi feita a apoiadores no Palácio da Alvorada na noite de domingo (2). Tanto Bolsonaro quanto os presentes reclamaram do resultado das eleições, vencidas pelo ex-presidente Lula com vantagem de seis milhões de votos. Todos estavam reclamando do resultado e dizendo que houve fraude.
Um dos apoiadores estava tão indignado com o resultado eleitoral que disse, em entrevista, que tinha certeza de que houve fraude nas eleições. “Não aceito esse resultado. Não tem outra explicação”, disse ele, justificando sua indignação pela derrota que se observou de Bolsonaro por ela não ser compatível, na sua visão, com a quantidade de pessoas que se manifestavam em apoio a ele.