Taxa básica de juros passa de 6,25% para 7,75%. A maior alta desde dezembro de 2002
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (27) elevar em 1,5 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), que passou de 6,25% para 7,75% ao ano. Assim, Bolsonaro recoloca o Brasil na posição de campeão mundial de juros reais (descontada a inflação).
Segundo o site MoneYou e Infinity Asset Management, o juro real brasileiro está agora em +5,96% ao ano. A média de 40 países considerados na pesquisa está negativa em -0,96%.
O Brasil passou a ter a maior taxa de juros do mundo a partir de 2005. Perdeu a liderança em curtos períodos de 2007 a 2009. Voltou ao topo dos juros altos em 2010. Permaneceu nesta condição até o início de 2012. Em agosto de 2013 a taxa volta a subir e o Brasil retorna à liderança. Permaneceu no topo em 2015, 2016, até 2017. Agora, com a decisão do Copom desta quarta-feira (27), Bolsonaro recoloca o Brasil na condição vexatória de campeão mundial dos juros altos.
Com a submissão do governo aos banqueiros e à agiotagem, Bolsonaro fez com que a taxa de juros fosse a maior em quatro anos, quando atingiu 7,5% em outubro de 2017. E a maior alta desde dezembro de 2002, quando subiu 3 pontos percentuais. No comunicado, o BC sinalizou nova elevação de mesma magnitude na próxima reunião, em dezembro, elevando a Selic para 9,25% ao ano.
Ao aumentar a Selic pela sexta vez consecutiva este ano, o BC impõe mais arrocho aos investimentos e ao consumo, prejudicando a indústria, o comércio e os trabalhadores, e jogando mais lenha na fogueira da inflação, que no Brasil não está igual à inflação do resto do mundo como quer fazer crer Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes.
A inflação acelerou por conta dos preços e serviços administrados pelo governo, que deixou correr frouxo a disparada nos preços dos combustíveis, da energia elétrica, do botijão de gás de cozinha, entre tantos outros, além da alta nos preços dos alimentos que está tirando a comida da mesa do brasileiro, incentivando que os produtos brasileiros fossem exportados à bancarrota e deixando mais de 100 milhões de brasileiros vivendo sob insegurança alimentar em plena pandemia.
Num quadro de economia estagnada, com desemprego elevado e inflação generalizada, economistas apontam para um cenário de estagflação, mas o BC insiste em manter o aperto monetário, elevando os juros seguindo à risca a recomendação de Guedes: “tem que correr mais com os juros“, disse o ministro de Bolsonaro em coletiva na sexta-feira (22), na véspera da reunião do Copom, defendendo o aumento de 1,5 ponto percentual.
A inflação não é de demanda, afirmam os economistas. É provocada, essencialmente, por uma economia que está dolarizada. Hoje, os brasileiros – cujo seus salários são pagos em real – compram produtos que são produzidos em abundância no Brasil ao custo do preço do dólar, que está cada vez mais caro por força dos desatinos de Bolsonaro na economia.
Como disse o economista José Luis Oreiro, “o que nós temos é uma situação na qual, ao invés de ter um programa de renda emergencial decente, nós temos o bolsa banqueiro. Quer dizer, você vai destinar milhões, bilhões, de reais do orçamento público para engordar, para enriquecer ainda mais, os economistas e os demais membros do sistema financeiro”.