O presidente nacional do Cidadania, ex-senador Roberto Freire, usou suas redes sociais na quinta-feira (13) para comentar as revelações que os depoimentos à CPI da Covid têm trazido à tona sobre a forma como a gestão Bolsonaro negligenciou o combate à pandemia.
Em sua conta no Twitter, o político destacou as declarações do gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, sobre a recusa do governo às ofertas de vacinas feitas pela farmacêutica.
“Bolsonaro recusou cinco ofertas da Pfizer em 2020, 3 em agosto. Houve uma 6ª negativa já em 21. Não eram 70, mas 100 milhões de vacinas em lotes. 18 milhões já poderiam estar vacinados. Empurrou com a barriga reunião após reunião. Só contratou após lei do Senado. Quem é vagabundo?”, escreveu.
Bolsonaro repetiu o seu filho e senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) que atacou o relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), chamando-o de “vagabundo” na quinta-feira (13) em Maceió (AL).
“Sempre tem algum picareta, vagabundo, querendo atrapalhar. Se Jesus teve um traidor, temos um vagabundo inquirindo pessoas de bem no nosso país. É um crime o que vem acontecendo com essa CPI”, disse Bolsonaro em discurso no estado que é base eleitoral de Renan Calheiros.
Na quarta-feira (12), durante uma discussão no depoimneto do ex-chefe da Secom, Fabio Wajngarten, Flávio Bolsonaro agrediu o senador Renan Calheiros com xingamento. “Imagina um cidadão honesto ser preso por um vagabundo como o Renan”, disse Flávio Bolsonaro.
“Vagabundo é você que roubou dinheiro do pessoal do seu gabinete”, respondeu Renan, em referência ao esquema da rachadinha no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio, quando era deputado estadual.
CARLUXO
Carlos Murillo foi ouvido na sexta oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito, criada pelo Senado para apurar as ações e omissões do governo no enfrentamento da crise sanitária. O executivo detalhou as negociações que a farmacêutica entabulou com o Ministério da Saúde, as propostas encaminhadas ao órgão e as dificuldades impostas pelo governo ao avanço das tratativas.
Roberto Freire observou ainda que o gerente da Pfizer confirmou à CPI da Covid que “Carluxo [um dos filhos do presidente] e [o assessor] Felipe Martins, ‘estrategistas’ do negacionismo de Bolsonaro, participaram com Wajngarten de reunião da empresa no Palácio sobre a oferta de 70 mi de vacinas”. “Estavam lá pra quê? O que tinham a ver com saúde?”, questionou.
“Bolsonaro sentou por mais de 2 meses em cima da carta da Pfizer que ofereceu milhões de doses de vacina. Palavra do Wajngarten. Só respondeu quando a derrota de Trump ficou clara e passou a temer responsabilização por crime contra a humanidade. Decisão direta que matou milhares”, destaca outra mensagem postada por Freire no Twitter.
O dirigente do Cidadania também mandou um recado a integrantes do entorno do presidente da República.
“Aos senhores Mourão, Guedes, Braga Netto, Pazuello e Nestor Foster: o Brasil espera que digam pq se calaram e calados estão sobre a carta da Pfizer. Discutiam o tema? Pq não convenceram Bolsonaro? São todos responsáveis por meses sem vacina e milhares de mortes evitáveis. Imperdoável”, escreveu.