Com cerca de 62% das estradas em condições precárias, corte no Orçamento de 2022 deixou o DNIT com apenas R$ 6,2 bilhões para investimentos
O orçamento para manutenção e investimentos em rodovias federais também passou pela tesoura do governo Bolsonaro. Os recursos disponibilizados em 2022 ao Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT), órgão responsável por manter as estradas, será o menor dos últimos 10 anos – após veto presidencial que cortou R$ 177 milhões previstos inicialmente para investimentos. O orçamento do DNIT também foi enxugado pela blindagem de R$ 16,5 bilhões em emendas do orçamento secreto, que deverá priorizar as necessidades de seus aliados no ano eleitoral.
Com os cortes, o DNIT terá R$ 6,2 bilhões para investimentos, confirmou o Ministério de Infraestrutura. Há 10 anos, o órgão contava com orçamento de R$ 9 bilhões.
O aperto nos recursos vem em um momento crítico para a malha rodoviária brasileira: dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT) apurados no ano passado, apontam que 6,9% das estradas estão em estado péssimo, 16,3% em situação ruim e 38,6% em estado regular. Assim, 61,8% das rodovias têm qualidade insatisfatória.
“Para sanar as deficiências identificadas pela pesquisa, estima-se que a reconstrução e restauração dessas vias demandariam um investimento de R$ 62,9 bilhões, a preços de outubro de 2021. Já para a manutenção dos trechos classificados como desgastados, o custo estimado é de R$ 19,6 bilhões”, afirma a entidade no estudo.
Em 2021, o DNIT empenhou R$ 6,41 bilhões em investimentos. No total, o orçamento foi até um pouco menor que o previsto para 2022, de R$ 7,1 bilhões – valor que incluiu as despesas com custeio e pagamento de salários. Para 2022, o total à disposição do órgão, incluindo o custeio, será de R$ 7,2 bilhões.
O resultado é de grande gravidade: nesse período de fortes chuvas entre 2021 e 2022, que atingiu principalmente os estados de Minas Gerais e Bahia, a situação das estradas provocou desastres e deixou cidades completamente desabastecidas. Em Minas, por exemplo, havia ao menos 39 pontos de interdições em trechos federais em meados de janeiro.
A aposta do Ministério da Infraestrutura, chefiado por Tarcísio Gomes de Freitas (já anunciado como candidato de Bolsonaro ao governo do Estado de São Paulo), é a transferência de rodovias para a iniciativa privada. Desde 2019, seis rodovias foram a leilão e neste ano, a promessa é entregar mais 14 projetos. Nada disso resolveu a necessidade de investimentos e a qualidade da malha, apenas aumentando o número de vias pedagiadas.