“Se houvesse uma possibilidade real de Ciro chegar no segundo turno, eu seria o primeiro a defender a retirada da minha candidatura em favor dele. Como essa possibilidade não existe, isso só serve para enfraquecer o PPL, a Rede, o PSol, o PPS, a ala Alckmin do PSDB e todos os demais partidos que podem se alinhar contra o Bolsonaro no segundo turno. Para aumentar sua votação no primeiro turno, o Ciro está facilitando o trabalho do Bolsonaro no segundo”, afirmou João Goulart Filho, candidato a presidente do Partido Pátria Livre.
João Goulart disse essas palavras em entrevista em Porto Alegre, depois de passar por São Borja, cidade que guarda as memórias póstumas de seu pai, o ex-presidente Jango, do ex-governador Leonel Brizola e de Getúlio. Ele chamou a atenção para a gravidade de crise que o país está mergulhado e reafirmou a urgência do enfrentamento da desigualdade social. “Nossa luta pelo povo brasileiro, pelos trabalhadores, pelos mais humildes, pelas mulheres, que estão precisando de distribuição de renda, vai continuar depois do dia 7 de outubro”, afirmou o candidato. “Esse final de jornada é apenas o início de outra. Nós plantamos a semente e, agora, vamos em frente porque o povo saberá dar a resposta na hora certa. Em breve nós vamos colher os frutos desta pregação”, afirmou.
O candidato do PPL citou os dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) sobre os lucros dos bancos privados no primeiro semestre do ano, para mostrar que a situação da desigualdade, que já é insustentável, está se agravando ainda mais. Ele alertou para o fato de que não são todos os que perdem com a crise. “Tem gente ganhando muito com a crise”, destacou. “O povo, o país e os trabalhadores estão perdendo sua renda e seu emprego, mas os bancos estão ganhando como nunca ganharam”, denunciou João Goulart Filho.
“O lucro dos três maiores bancos privados do país, Itaú, Bradesco e Santander, bateram todos os recordes no primeiro semestre deste ano”, denunciou o presidenciável. “Ao mesmo tempo em que o país está numa crise sem precedentes, os bancos nunca ganharam tanto”, prosseguiu. Segundo o Dieese, o Itaú/Unibanco, maior banco do país, lucrou R$ 12,8 bilhões, com alta de 3,7% em comparação com o mesmo semestre do ano anterior. O Bradesco teve um lucro de R$ 10,3 bilhões, um crescimento de 9,7%. Já o espanhol Santander obteve um lucro líquido gerencial de R$ 5,9 bilhões, com crescimento de 27,5%.
Enquanto os bancos não param de bater recordes atrás de recordes em seus lucros, na outra ponta, o desemprego avança e a renda do salário segue caindo. De acordo com a CNI (Confederação Nacional da Indústria), o rendimento médio dos salários caiu 0,4%, na quinta retração seguida – desde maio, varia -0,5%. No ano, acumula redução de 1,8% em comparação com igual período de 2017, enquanto a massa salarial caiu 1,4%. Agrava-se a concentração da renda. Segundo o IBGE, já são 27,6 milhões de pessoas sem emprego, entre desempregados, subempregados e desalentados.
João Goulart reafirmou o que já tinha divulgado em suas redes sociais. Que Bolsonaro”, segundo ele, representa os que querem a volta da ditadura. “E sobre isso, ficamos com as palavras de Ulysses Guimarães: ‘temos ódio à ditadura. Ódio e nojo'”, disse o candidato. “Não vamos permitir o retrocesso em nosso país. Estaremos unidos para impedir que a barbárie volte a tomar conta de nossa política”, frisou.
“Essa caminhada tem sido dura e valente”, disse ele, nas ruas centrais de Porto Alegre. “Eu tenho muito orgulho ter caminhado junto com vocês. É muito orgulho ter caminhado e escutado o povo brasileiro. Como eu disse, nós plantamos uma semente e haveremos de colher porque a nossa Pátria é grande, quer ser livre e deve ser de todos os brasileiros”, afirmou João Goulart. “Mais cedo ou mais tarde teremos que enfrentar esse problema da desigualdade social porque é a única maneira de sairmos da crise, enfatizou. “Nós teremos que aumentar o salário mínimo. Este é o caminho que o país deverá tomar para a economia voltar a crescer”, observou.
SÉRGIO CRUZ