Na manhã desta terça-feira (10), Bolsonaro comemorou a suspensão pela Anvisa dos testes da vacina contra o coronavírus desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan. Sem apontar qualquer evidência científica, ele usou as redes sociais para associar a CoronaVac a “morte, invalidez, anomalia”.
A suspensão dos estudos da CoronaVac foi anunciada pela Anvisa na noite de segunda-feira (09) devido ao óbito de um dos 13 mil voluntários, que foi classificado pela agência com um “efeito adverso grave”. A medida, no entanto, foi questionada pelo Instituto Butantan e pelo laboratório Sinovac que apontaram que a morte, apresentada como justificativa, não possui qualquer relação com o teste da vacina. Segundo o instituto, o voluntário faleceu em um acidente.
Sem qualquer pudor, Bolsonaro tentou transformar a vacina num objeto de disputa política contra o governador de São Paulo, João Doria, ao custo da vida de milhares de brasileiros e da perpetuação desta pandemia que assola nosso país.
“Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, publicou Bolsonaro no Facebook.
O assassino Bolsonaro comemora a interrupção do estudo de um imunizante que pode livrar o Brasil e o mundo desta pandemia. Em seu completo descaso com o povo, ele diz que essa “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”.
Assim é o comportamento fascista de Bolsonaro. Para atingir um adversário, prefere que a doença que já matou 162 mil brasileiros, continue se proliferando.
EFEITO
O comunicado da Anvisa em que foi anunciada a suspensão não apresentou nenhuma justificativa para interromper os testes com a vacina do Butantan. Sob o argumento de que os dados são sigilosos, eles apenas qualificaram a morte do voluntário como um “efeito adverso grave”.
O comitê científico que auditora os resultados da vacina não interrompeu os testes. A decisão da Anvisa foi unilateral.
A conduta da Anvisa de paralisar os testes antes de que a notificação de qualquer problema tenha sido feita pelos organizadores do estudo, como é de praxe em estudos desse tipo, gerou indignação.
A mesma conduta não foi utilizada por parte da Anvisa com a vacina do laboratório inglês AstraZeneca, ou da Johnson & Johnson, que também estão sendo testadas no Brasil. Quando um voluntário da vacina inglesa veio a óbito, foi o comitê independente de revisão que paralisou os testes e não a Anvisa.
Em nenhum dos casos, a Anvisa paralisou os estudos.
Em nenhum dos casos, Bolsonaro disse que “ganhava” uma disputa.
SEGURANÇA
Em comunicado, o laboratório Sinovac também aponta que o episódio não possui relação com os testes.
O Instituto Butantan afirmou que foi “surpreendido” e o governo de São Paulo disse que “lamenta ter sido informado pela imprensa e não diretamente pela Anvisa”. O diretor do instituto, Dimas Covas, afirmou tratar-se de um óbito sem qualquer relação com os testes da vacina.
“Depois de comunicarmos com o parceiro brasileiro do Instituto Butantan, soubemos que o chefe do instituto acreditava que este grave acontecimento adverso não está relacionado com a vacina”, disse a empresa chinesa em um comunicado. “A Sinovac continuará a manter contato com o Brasil sobre este assunto”, explicou.
“O estudo clínico no Brasil é realizado estritamente de acordo com os requisitos e estamos confiantes na segurança da vacina”, completou o laboratório.
No mês passado, dados apresentados pelo Instituto Butantan mostraram grau elevado de segurança da vacina. Os testes de segurança, realizados com mais de 50 mil pessoas apontaram incidência de eventos adversos leves entre os voluntários foi de 35% ante pelo menos 70% nas outras vacinas testadas.