“Não lhe é facultado fazer querela política com a vida das pessoas”, disse o candidato a prefeito de São Paulo
O deputado federal e candidato a prefeito de São Paulo, Orlando Silva (PCdoB), afirmou que o anúncio feito por Bolsonaro de que o governo federal não irá comprar a vacina chinesa, a Coronavac, trará “prejuízos evidentes à saúde e à vida dos brasileiros”.
“Estará materializada a responsabilidade direta do presidente pela não imunização e, consequentemente, pelas mortes que vierem a ocorrer”, apontou.
“A aquisição da vacina, que parecia encaminhada de forma civilizada, foi sabotada por Bolsonaro”, escreveu Orlando no Twitter.
“Estará materializada a responsabilidade direta do presidente pela não imunização e, consequentemente, pelas mortes que vierem a ocorrer”, apontou Orlando
Para o candidato do PCdoB, “sendo assim, isso vira tema central na eleição, pois estamos falando de vidas”. “Como prefeito, garantirei vacina para todos. E Russomano, vai comprar vacina ou seguir Bolsonaro?”, questionou.
Um dia depois do Ministério da Saúde anunciar a compra de 46 milhões de doses da vacina, desenvolvida em conjunto pelo laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantan, Jair Bolsonaro desautorizou o ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, e publicou nas suas redes sociais que isso não irá acontecer.
Bolsonaro chamou a Coronavac de “vacina chinesa de João Dória”, ignorando e desrespeitando a população brasileira, que espera ansiosamente pela vacina para voltar a ter vida social.
Segundo o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, “a vacina Butantan é a mais segura em termos de efeitos colaterais. É a vacina mais segura neste momento não só no Brasil, mas no mundo”.
Orlando Silva afirmou que “fica clara a politização da vacina” com a atitude de Bolsonaro.
“Bolsonaro pode ser o palpiteiro negacionista que quiser no almoço de domingo, mas como presidente ele está obrigado a seguir as prescrições médicas e buscar soluções rápidas e eficazes para a pandemia”, disse Orlando.
“Não lhe é facultado fazer querela política com a vida das pessoas”, continuou.
“Isso demonstra para a mídia e para os incautos que não existe Bolsonaro ‘moderado’. Existe uma pessoa de baixa intelecção, movido a ódio incontrolável, que age contra a ciência e ameaça a civilização”, alertou.
“Importante alertar que este ser abjeto quer eleger bolsonaretes nas eleições municipais, gente sem capacidade e comprometida com a visão medieval que Bolsonaro defende. Em SP, o obscurantismo tem nome: Russomanno. Vamos derrotá-lo e garantir a vacina para toda a população”.
Além de não querer que a população se vacine contra o coronavírus, que já matou mais de 155 mil brasileiros, Jair Bolsonaro não quer que a aplicação seja obrigatória. Celso Russomanno (Republicano), também candidato a prefeito de São Paulo, imitou Jair Bolsonaro e deu declarações contra a obrigatoriedade.
“Os nossos empregos foram embora, nós somos obrigados a uma série de coisas, agora querem obrigar a tomar vacina?”, disse.
REAÇÕES
O anúncio de Bolsonaro já está causando revolta nos governadores.
Alvo dos ataques de Bolsonaro, João Doria (PSDB), pediu “ao presidente Jair Bolsonaro que tenha grandeza. E lidere o Brasil para a saúde, a vida e a retomada de empregos. A nossa guerra não é eleitoral. É contra a pandemia. Não podemos ficar uns contra os outros. Vamos trabalhar unidos para vencer o vírus. E salvar os brasileiros”.
Para Flávio Dino (PCdoB), Bolsonaro está “sabotando” o combate ao coronavírus. “Se Bolsonaro desautorizar o amplo acordo feito por Pazuello, ele mais uma vez estará sabotando o sistema de saúde e criando uma guerra federativa. Espero que bons conselheiros consigam debelar esse novo surto de Bolsonaro”, publicou em suas redes sociais.
“Bolsonaro não pode dispor das vidas das pessoas para seus propósitos pessoais. E Bolsonaro vai perder de novo, se insistir com mais essa agressão insana aos estados”, continuou.
Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo, acredita que “temos que apelar ao presidente para que nós tenhamos equilíbrio, racionalidade, empatia com quem pode pegar esse vírus. Um apelo mesmo para manter o que falamos ontem”.
“É importante manter a decisão republicana de ontem e deixar de lado questões eleitorais, ideológicas. E torcer para que o que disse Bolsonaro não seja levado ao pé da letra”, acrescentou.
Camilo Santana (PT), governador do Ceará, apontou que “não se pode jamais colocar posições ideológicas acima da preservação de vidas. Lutaremos para que uma vacina segura e eficaz chegue o mais rápido possível para todos os brasileiros”.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse que “a decisão sobre a inclusão de uma vacina no programa nacional de imunização deve ser eminentemente técnica, e não política”.