Bolsonaro segue dando aval para humilhação de brasileiros nos EUA

Quarto avião fretado por Trump chega a BH trazendo brasileiros deportados como gado. (Foto: reprodução da TV Globo)

“O tratamento é péssimo, péssimo mesmo. A gente dormia no chão”, relatou a faxineira Gleiciana dos Santos (foto)

Enquanto Jair Bolsonaro bajula Donald Trump como um cachorrinho poodle, liberando visto de americanos para entrarem à vontade no Brasil, os brasileiros são tratados como gado nos EUA.

Chegou na sexta-feira (14) em Confins, região metropolitana de Belo Horizonte, o quarto voo trazendo os brasileiros que, desiludidos com a situação de seu país, ainda mantinham ilusões de que nos EUA teriam melhor sorte.

Brasileiros algemados, em avião de deportação em massa (reprodução)

Entre os passageiros havia 40 crianças. Na última sexta-feira (7), outros 130 brasileiros que foram deportados pelos Estados Unidos chegaram a Confins.

O Brasil não autorizava o uso de voos fretados para proceder à deportação de brasileiros desde 2006. O Itamaraty proibiu a deportação em massa naquele ano depois que uma CPI investigou os abusos cometidos por autoridades americanas.

Agora, Bolsonaro volta a permitir a prisão e deportação em massa de brasileiros, inclusive com a humilhação de serem algemados.

O “messias” justifica o desrespeito das autoridades americanas aos brasileiros dizendo que “é um direito de Trump fazer isso”.

“O tratamento é péssimo, péssimo mesmo. A gente dormia no chão”, relatou a faxineira Gleiciana dos Santos, na noite desta sexta-feira (14), ao Portal G1, depois de desembarcar em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Prisões na fronteira dos EUA – AFP PHOTO

“Tem uma sala que eles dão uma manta, é frio. Eles não estão nem aí com menino gripado, com menino doente, entendeu? Colocam todo mundo para dormir no chão”, completou Gleiciana.

A faxineira ficou detida nos EUA junto com o filho de 8 anos. Ela está entre os 80 brasileiros deportados dos Estados Unidos que voltaram ao país no quarto voo fretado pelo governo norte-americano.

Sobre os maus tratos aos brasileiros, o Serviço de Imigração e Fiscalização Aduaneira dos Estados Unidos informou que “indivíduos presos e sob custódia das forças federais de segurança estão sujeitos a serem algemados”.

“Fazer isso está totalmente de acordo com as leis federais e as políticas da agência”, diz o órgão em nota. O governo brasileiro calou-se e não está dando nenhuma ajuda aos brasileiros presos e deportados. No dia 26 de janeiro, no primeiro voo trazendo brasileiros, os homens adultos chegaram com algemas nos braços e nas pernas.

O governo americano, sentindo que Bolsonaro faz o que eles querem, vem alterando todas as normas de deportação de brasileiros.

Havia antes a necessidade de analisar caso a caso e dar aos brasileiros que vivem nos Estados Unidos, mesmo ilegalmente, a possibilidade de reverter a decisão de deportação – o que muitas vezes acontece quando o cidadão tem filhos norte-americanos, uma estrutura familiar montada e às vezes até negócios.

Agora vem mais essa decisão de autorizar a deportação em massa e o uso de voos fretados. Essa é a segunda medida tomada pelo governo brasileiro para facilitar a deportação, em concordância com as ordens do governo Trump.

Em agosto, o governo emitiu um parecer autorizando a volta de brasileiros no país apenas com um atestado de nacionalidade. Isso porque a lei brasileira proíbe a emissão de passaportes à revelia do cidadão, o que impedia o governo norte-americano de embarcar os deportados sem que eles se dispusessem a pedir um passaporte.

No governo Temer, sob pressão dos EUA, foi feito um acordo para que os consulados emitissem o certificado em alguns casos, mas algumas empresas aéreas se recusavam a aceitar o documento até o parecer do governo brasileiro. Bolsonaro passou a aceitar. Além disso, os voos fretados também eliminaram esse problema. Não há necessidade de documento para desembarque no Brasil.

O número de imigrantes brasileiros presos nos Estados Unidos tentando cruzar a fronteira pelo México aumentou mais de 10 vezes no último ano fiscal norte-americano (outubro de 2018 a setembro de 2019), chegando a 17.900, contra 1.500 no ano fiscal anterior.

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