Bolsonaro sempre quis se manter no poder após derrota, escreveu assessor de Braga Netto

O coronel da reserva Flávio Peregrino, assessor de Walter Braga Netto (Foto: Reprodução - Youtube)

Ele escreveu que “sempre foi a intenção” do ex-presidente continuar no poder, na mensagem em plataforma digital

Mensagens, anotações e documentos extraídos pela PF (Polícia Federal) do celular do coronel da reserva Flávio Peregrino, assessor do general Walter Braga Netto, comprovam que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha intenção de se manter no poder mesmo após a derrota nas eleições de 2022.

O conteúdo foi divulgado pelo jornal O Estado de São Paulo.

Peregrino registrou que os militares buscavam “soluções jurídicas e constitucionais” para tentar manter Bolsonaro no cargo.

Ele escreveu que “sempre foi a intenção” do ex-presidente continuar no poder e criticou a estratégia de culpar as Forças Armadas por planos golpistas que teriam sido feitos para ajudar Bolsonaro a atingir esse objetivo, de acordo com as mensagens encontradas no celular do militar.

“GOLPE DENTRO DO GOLPE”

O celular do militar foi apreendido pela PF em dezembro de 2024. A operação que realizou a apreensão também levou à prisão de Braga Netto, que segue preso, no Rio de Janeiro, em quartel do Exército.

O conteúdo encontrado no celular estava em documentos e em mensagens enviadas a ele mesmo por WhatsApp.

O assessor reprovou a tese de que haveria “golpe dentro do golpe” planejado por militares para afastar Bolsonaro. Peregrino afirma que essa tese é “oportunismo” e “mostra que tudo será feito para livrar a cabeça do B [Bolsonaro]”, segundo a matéria do jornal.

EGOÍSMO DE BOLSONARO

Ele também apontou “falta de gratidão” do ex-presidente. “Deixar colocarem a culpa nos militares que circundavam o poder no Planalto é uma total falta de gratidão do B [Bolsonaro] àqueles poucos, civis e militares, que não traíram ou abandonaram o Pres. B [Bolsonaro] após os resultados do 2º turno das eleições”, escreveu.

As anotações foram feitas em novembro de 2024, quando investigações revelaram planejamento de militares para assassinar o presidente Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

RECONHECIMENTO DO ERRO

O coronel reconheceu que militares “erraram” ao não desmontar os acampamentos nas portas dos quartéis do Exército e não convencer Bolsonaro a desistir das ações golpistas.

Em mensagens no WhatsApp, ele escreveu também que o ex-presidente parecia “forçar” ordem de prisão para reforçar a “narrativa de perseguição política”.

Bolsonaro está em prisão domiciliar desde 4 de agosto, por descumprir medidas cautelares. O ex-presidente é réu no STF por tentativa de golpe de Estado, dentre outros 4 crimes.

VAZAMENTO DAS MENSAGENS

A defesa de Peregrino afirmou ao jornal que as anotações foram elaboradas “com base na liberdade de expressão”. Por meio de nota, o advogado Luís Henrique Prata criticou o vazamento das mensagens e o uso do assunto “fora de contexto mais amplo”.

Segundo ele, o principal ponto da linha de defesa de Peregrino era a “lealdade dos militares na busca de soluções constitucionais naquele período e ao longo de todo governo” do ex-presidente Bolsonaro.

ALEGAÇÕES FINAIS DO NÚCLEO CRUCIAL

As defesas do ex-presidente e de mais 6 réus da chamada trama golpista têm até quarta-feira (13) para entregar ao STF (Supremo Tribunal Federal) as últimas considerações sobre o processo. As chamadas alegações finais.

Concluída esta etapa, o relator, ministro Alexandre de Moraes, pode pedir que o caso seja incluído na pauta de julgamentos da Primeira Turma da Corte.

A expectativa é de que os ministros decidam em setembro se os réus do chamado núcleo crucial serão absolvidos ou condenados por liderar ação golpista para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder mesmo após a derrota nas urnas em 2022.

Bolsonaro é apontado como líder da organização criminosa, ou seja, o líder da intentona golpista.

TESE DA DEFESA

Advogados afirmam que vão pedir a absolvição dos réus por questões processuais e, ainda, sustentar a inocência, já que, segundo eles, a PGR (Procuradoria-Geral da República) não teria conseguido comprovar que os acusados, de fato, atuaram na preparação e para efetuar golpe de Estado, entre outros 4 crimes cometidos pelos golpistas.

As equipes jurídicas dos acusados afirmaram que estão em fase de revisão e finalização do material da defesa e, por isso, devem usar todo o prazo de 15 dias para entregá-las.

Além de Bolsonaro, a PGR também denunciou e são réus no Supremo:

  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin;
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;
  • Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil; e
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa.

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