“Ontem [domingo, 19], foi a um ato pela ditadura. Hoje, falou a favor da democracia”, questionou o deputado Fábio Trad (PSD-MS)
O deputado federal Fábio Trad (PSD-MS) afirmou que os ataques de Bolsonaro contra o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), são para “desviar o foco da hemorragia política causada pela demissão de [Luiz Henrique] Mandetta. Bater na Câmara é uma tentativa de estancar a sangria”.
Para o deputado, isso também é uma tentativa de enfraquecer as instituições democráticas.
“Nada me tira da cabeça que esta agressiva campanha contra Maia tem a ver com a decisão da Câmara de obrigar o presidente a revelar seu exame em 30 dias (hoje 25). Pode estar surgindo aí um ‘coronagate’. A conferir…”, disse Fábio Trad em suas redes sociais.
O parlamentar condenou a participação do presidente da República em ato que pedia a volta da ditadura militar e do abominável Ato Institucional nº 5 (AI-5), em frente ao Quartel-General do Exército (DF), neste último domingo (19).
“O presidente participou de um ato público a favor da intervenção militar. As forças democráticas do Brasil precisam reagir. Não é mais possível compactuar com esta situação. Este cidadão não foi eleito para matar a democracia. Os democratas não podem se acovardar. Vamos reagir”, disse o deputado em suas redes sociais.
As manifestações que ocorreram em algumas cidades pelo país, reunindo uma claque de bolsonaristas, ligados ao Aliança (organização criada por Bolsonaro), pediam o retorno da ditadura militar e do AI-5 que, em 13 de dezembro de 1968, permitiu fechar o Congresso, intervir em estados e municípios, cassar mandatos parlamentares, suspender por dez anos os direitos políticos de qualquer cidadão, decretar o confisco de bens e suspender a garantia do habeas corpus. Sem falar nas torturas e assassinatos de quem tinha uma opinião diferente da ditadura.
O parlamentar assinalou ainda que defende “a cassação do mandato de deputados que defendem um golpe militar. Os arts. 16, 17, 18, 22 e 23 da Lei 7.170/83 amparam legalmente o pedido. A imunidade parlamentar não protege quem pratica crimes contra o Estado de Direito. Conto com o apoio dos demais pares. Coragem!”
Após atacar a democracia, Bolsonaro e seus apoiadores publicaram declarações sobre seu suposto “apreço” à democracia.
Sobre isso, escreveu Fábio Trad que “em menos de 24 horas, o presidente discursou contra e a favor da democracia. Ontem, foi a um ato pela ditadura. Hoje, falou a favor da democracia. Acho que [ele] tem que mostrar dois exames: o do vírus e o de sanidade mental”.
Ainda pelas redes sociais, o deputado questionou a relação de Bolsonaro com o Congresso Nacional para atacar o presidente da Câmara.
“Dizem que Bolsonaro está oferecendo cargos para alguns parlamentares. O objetivo é o de isolar @RodrigoMaia preparando o terreno para o avanço de seu projeto de “hungrialização” do país. Agora é a hora que o Brasil vai ver a diferença entre quem é de centro e quem é do centrão”, escreveu.