Política de Paridade de Importação (PPI), que atrela a gasolina ao dólar, mantida pela insistência de Bolsonaro, provoca a disparada dos preços e da inflação. Medidas intempestivas revelam manobras eleitoreiras que tendem a agravar ainda mais a crise
O presidente da Petrobrás, José Mauro Coelho, renunciou ao cargo nesta segunda-feira (20), após mais uma encenação de Bolsonaro frente os aumentos seguidos dos combustíveis. Os aumentos, que não param, são resultantes da política de dolarização dos preços dos combustíveis. Depois de culpar Deus e o mundo, os governadores, o ICMS, a guerra, pela escalada de preços, o “mito” tira o terceiro presidente da companhia, mas não altera a política da Petrobrás.
Demitido em 23 de maio, Mauro Coelho sairia na próxima assembleia de acionistas da estatal no final deste mês, mas, como a nova indicação de Bolsonaro não cumpre as exigências profissionais para assumir o cargo, o conselho da empresa indicou interinamente o nome de Fernando Borges, diretor executivo de Exploração e Produção da Petrobrás.
Desde o início do governo Jair Bolsonaro, em janeiro de 2019, a estatal já teve três presidentes. E, mesmo assim, Bolsonaro continuou mantendo a política de paridade de importação, modelo que dolariza os preços dos combustíveis no Brasil e atrela os preços internos ao valor do barril nas bolsas internacionais. Essa política só faz engordar os ganhos dos acionistas da empresa, que na sua maioria são estrangeiros, e do cartel dos importadores de combustíveis.
Com as eleições se aproximando, Bolsonaro tenta se isentar da culpa pelos aumentos e joga a responsabilidade na direção da Petrobrás – dirigentes que ele mesmo indicou. Ele não muda a política de paridade de preço internacional (PPI), que atrela os preços internos dos combustíveis ao dólar e aos preços do barril no mercado internacional, porque está com o rabo preso, como diz o ex-presidente Lula, aos interesses desses grupos. Esta política é a verdadeira responsável pela disparada dos preços no Brasil.
A intenção de Bolsonaro, com toda essa encenação, é fugir de sua responsabilidade. Ele culpa a empresa com o intuito de desgastá-la junto ao povo brasileiro e abrir caminho para sua privatização. Se a sua narrativa pega, o novo indicado para o comando da petroleira, Caio Mário Paes de Andrade, que chefia a Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, terá caminho livre para acelerar o processo de desmonte da companhia para privatizá-la.
Ou seja, colocar a culpa exclusivamente na Petrobrás, como faz Bolsonaro, tem dois objetivos: primeiro, se eximir da culpa pelos aumentos e, segundo, entregar a galinha dos ovos de ouro ao cartel de empresas estrangeiras do petróleo, pondo fim à soberania do povo brasileiro sobre as reservas petrolíferas do país.
Caio Mário Paes de Andrade terá, ainda, que ser aprovado pelo Conselho de Administração da Petrobrás. O governo já articula manobras para “queimar” etapas no processo, como usar a renúncia de Coelho como conselheiro da Petrobrás para tornar Andrade presidente de forma mais rápida. Segundo reportagem do Valor, a ideia é que o conselho da estatal eleja Andrade como conselheiro interino. Essa mesma estratégia foi usada no início do governo Bolsonaro, quando o então presidente da companhia, Ivan Monteiro, renunciou ao cargo de conselheiro na estatal e abriu espaço para a entrada de Roberto Castello Branco na presidência da empresa.
Na época, o conselho elegeu Castello Branco como conselheiro e presidente executivo da empresa ainda em dezembro de 2018, para assumir o cargo já no primeiro dia do novo governo. Desta vez, o conselho optou por um interino, o que mostra que há uma grande disputa no interior da Petrobrás.
Para que a indicação de Caio Paes de Andrade ocorra seu currículo tem que ser aprovado pelo Comitê de Elegibilidade (Celeg) da estatal. As regras de governança exigem experiência de 10 anos no setor. Andrade não cumpre essa exigência. Ele não entende nada de petróleo e gás.
Antes de chegar ao governo, dirigiu provedores de internet (PSINET, Web Force Wentures e HPG), imobiliária (Maber) e empreendimentos do agronegócio. No governo, antes de virar assessor de Paulo Guedes, Paes de Andrade atuou como diretor-presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), empresa que o governo Bolsonaro incluiu no programa de privatizações.
Pela Lei de Responsabilidade das Estatais de 2016, Caio Mário Paes de Andrade estaria desqualificado para ocupar o cargo de presidente da Petrobrás. O artigo 17 estabelece a necessidade de cumprir com pelo menos uma de três pré-condições:
1) experiência profissional de, no mínimo, dez anos – no setor público ou privado – na área de atuação da empresa ou em “área conexa” àquela para a qual o profissional for indicado;
2) de quatro anos ocupando direção ou chefia superior em empresa “de porte ou objeto social semelhante” ao da estatal, em cargo no setor público equivalente a DAS-4 ou em cargo de docente/pesquisador naquela área;
3) de quatro anos como profissional liberal em “atividade direta ou indiretamente vinculada” ao campo de atuação da companhia.
quem DEVE ser trocado urgentemente é bolsonaro(fascista/genocida), e não os presidentes da Petrobrás que só servem de bucha de canhão para o chefe do quadrilhão(lira) e bolsonaro que querem saquear a estatal mais lucrativa do País..