O ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu de presente de um príncipe dos Emirados Árabes uma pistola e um fuzil, avaliados em R$ 57 mil, que trouxe para o Brasil em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB).
Na mesma viagem, membros de sua comitiva receberam relógios de luxo, estimados em R$ 53 mil cada.
A viagem aconteceu em outubro de 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro. Jair e sua comitiva passaram 10 dias entre Emirados Árabes, Qatar e Arábia Saudita.
Nos Emirados Árabes, Jair Bolsonaro recebeu de presente uma pistola 9mm e um fuzil 5,56mm, estilizada com seu nome. A entrada dessas peças no Brasil foi declarada pelo então presidente.
Um levantamento feito pelo site Metrópoles, que revelou o caso, mostrou que a pistola e o fuzil podem custar, a depender de sua procedência, até R$ 57 mil.
Já os outros membros da comitiva presidencial receberam, enquanto estavam no Qatar, de presente relógios da marca Cartier, que custam R$ 53 mil.
O Tribunal de Contas da União (TCU) afirmou que “o recebimento de presentes de uso pessoal com elevado valor comercial extrapola os limites de razoabilidade” para funcionários de alto escalão governamental.
O TCU defendeu a devolução das peças.
Ao contrário de como procedeu quando recebeu de presente as armas, Jair Bolsonaro não declarou à Receita Federal joias de R$ 16,5 milhões que recebeu de presente do governo da Arábia Saudita, através do ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
O governo saudita enviou dois pacotes de joias. Nenhum teve sua entrada declarada no país, mas apenas um foi identificado e interceptado pela Receita Federal. O valor estimado deste pacote é de R$ 16,5 milhões.
Jair Bolsonaro mobilizou a estrutura do governo federal para tentar retirar as peças sem que fosse necessário pagar impostos ou multas. Suas ações estão fartamente registradas por imagens de câmeras de segurança da alfândega do Aeroporto de Guarulhos, onde os enviados de Bolsonaro tentaram retirar ilegalmente as peças.
O outro pacote, composto por um relógio, um par de abotoaduras, um anel e um rosário islâmico, entrou no país sem que nenhum imposto fosse pago.
Um mês depois da entrada dos pacotes no país, o governo de Jair Bolsonaro vendeu para um fundo dos Emirados Árabes uma refinaria da Petrobrás por metade do preço. A refinaria era avaliada em R$ 20 bilhões e foi vendida por R$ 10 bilhões.