Disse que as mensagens golpistas que enviou em “grande parte era da própria imprensa”. Mas é mentira
O ex-presidente Jair Bolsonaro esteve na sede da Polícia Federal, nesta quarta-feira (18), ficou mudo e decidiu entregar seu depoimento por escrito, ao invés de responder as perguntas, no âmbito da investigação sobre mensagens golpistas enviadas para empresários.
A PF encontrou no aparelho de Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, uma mensagem enviada por Jair Bolsonaro atacando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pedindo que o texto fosse “repassado ao máximo”.
Ele não respondeu às perguntas que foram feitas pelos investigadores e somente entregou seu depoimento por escrito.
Quando saiu de dentro do prédio da Polícia Federal, deu declarações à imprensa e tentou minimizar a importância das mensagens que enviou para empresários.
“Fui incluído [no inquérito] depois de vários meses, por causa dessa mensagem que eu havia passado para Meyer Nigri. É um empresário de São Paulo que eu conheço desde antes das eleições de 2018. As mensagens que eu passei, grande parte era da própria imprensa”, disse o ex-presidente.
A mensagem cujo conteúdo se tem conhecimento, no entanto, não vem da imprensa.
O texto dizia que o então presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, mentia sobre as urnas eletrônicas e interferia no funcionamento do Congresso Nacional. Além disso, disse que havia “desconfiança de fraudes preparadas por ocasião das eleições”.
Ao final, pedia para seus contatos: “REPASSE AO MÁXIMO”.
O inquérito foi aberto depois de ser revelado, por uma reportagem do portal Metrópoles, a existência de um grupo de Whatsapp no qual empresários bolsonaristas estavam discutindo um golpe de Estado caso Lula vencesse Bolsonaro nas eleições.
Jair Bolsonaro reclamou que o inquérito foi aberto com o objetivo de atrapalhá-lo no pleito e calar Luciano Hang, dono da Havan.
Um dos empresários falou abertamente: “Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil”.
Outro disse que o Supremo Tribunal Federal (STF) estava envolvido em um plano de fraudar as eleições e deveria ser intimidado pelas Forças Armadas.
TSE
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou na terça-feira (17) três ações que investigavam Jair Bolsonaro (PL) por utilização eleitoral dos palácios do Planalto e da Alvorada durante as eleições do ano passado.
Os ministros do tribunal avaliaram que não houve abuso de poder político nos três casos.
Em junho, Bolsonaro foi condenado pelo TSE por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, por ter feito ataques mentirosos ao sistema eleitoral em uma reunião com embaixadores. Por 5 votos a 2, a Corte o condenou à inelegibilidade por oito anos.