
Jair Bolsonaro (PL) sobrevoou, na manhã desta segunda-feira (30), algumas áreas atingidas pelas chuvas que castigaram o Grande Recife nos últimos dias.
As fortes chuvas acontecem desde o dia 23. Até agora, mais de 90 mortes já foram contabilizadas em decorrência das precipitações no Estado. Mas, somente agora, o presidente se dignou a visitar a região para tomar pé da situação.
Acompanhado por ministros, Bolsonaro montou um show e ainda aproveitou a ocasião para afrontar o governador Paulo Câmara (PSB), adversário político do chefe do Executivo, que não foi informado oficialmente pelo presidente da visita de sua comitiva.
Bolsonaro passou cerca de duas horas e meia em Pernambuco. Ele concedeu entrevista coletiva, lamentou a tragédia, anunciou algumas medidas para auxiliar as vítimas e criticou a ausência do governador no evento. Paulo Câmara afirmou, entretanto, não ter sido convidado.
Quanto à crítica de Bolsonaro, o governador disse apenas que não iria comentar. “Não vou comentar ato político. Nosso foco está no atendimento à população e no apoio aos municípios. Estamos no meio de uma emergência, com 26 pessoas ainda desaparecidas. Toda ajuda para o povo de Pernambuco será sempre bem-vinda”, disse.
Mas esse é o comportamento habitual de Bolsonaro. Não é a primeira vez que, em meio a tragédias as mais terríveis, o presidente exibe a mais completa ausência de sensibilidade.
Em fevereiro, ele sobrevoou cidades do interior de São Paulo, onde ao menos 24 pessoas morreram em decorrência de temporais que causaram deslizamentos de terra, transbordamento de rios e alagamentos.
Ao lamentar as mortes, disse que a culpa era das vítimas: “muitas vezes, as pessoas constroem a sua residência por necessidade em um local que, 10, 20, 30 anos depois, o tempo leva a desastres”.
No final de dezembro de 2021, Bolsonaro foi criticado por não retornar ao sul da Bahia, onde várias cidades ficaram alagadas com as chuvas. Ele tinha ido ao estado no começo de dezembro, mas a situação se agravou no final do mês.
O presidente, no entanto, estava curtindo umas férias no litoral de Santa Catarina. A passagem dele pelo litoral catarinense foi marcada por passeios de motocicleta, de moto aquática e muita farra, que incluiu até visita a um parque temático.
Em fevereiro, quando as chuvas também atingiram Petrópolis (RJ) e deixaram centenas de mortos, Bolsonaro estava na Europa.
Ao retornar ao Brasil e sobrevoar os locais afetados, ele disse apenas que não tem “como precaver de tudo que possa acontecer nesses 8,5 milhões de quilômetros quadrados”.
Agora, na visita a Pernambuco, o sobrevoo da comitiva presidencial pelas cidades do Grande Recife afetadas pelos temporais durou meia hora.
Bolsonaro aterrissou na capital pernambucana às 8h05 e às 8h30 saiu em sobrevoo pela região mais afetada. Às 9 horas, voltou à Base Aérea, onde concedeu entrevista coletiva. Às 10h10 a coletiva foi encerrada e, às 10h30, o presidente e ministros decolaram de volta para Brasília.
Na ocasião, alegou que ele e sua comitiva fizeram um sobrevoo, mas não teriam conseguido pousar, porque a recomendação dos pilotos era de que poderia haver um incidente, em razão da inconsistência do solo. Na entrevista, anunciou que o governo federal irá antecipar parcelas sem incidência de juros a inscritos do Benefício de Prestação Continuada (BPC) aos afetados pela catástrofe. O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, disse que vai ser liberado o acesso ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para os trabalhadores das áreas atingidas.