
Deputado Lindbergh Farias (RJ) repudiou a taxação de 50% sobre todas as exportações brasileiras aos Estados Unidos. Ele apontou ainda que a medida representa ataque não só à economia, mas às instituições e à soberania do País
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), repudiou a taxação de 50% sobre todas as exportações brasileiras aos Estados Unidos, anunciada, nesta quarta-feira (9), pelo presidente estadunidense, Donald Trump. Farias apontou ainda que a medida representa ataque não só à economia, mas às instituições e à soberania do País.
O líder do PT disse que Trump tomou essa decisão contra o Brasil instigado pela família Bolsonaro. “Na carta, ele começa falando do Bolsonaro para atacar as instituições brasileiras. Isso foi construído pelo bolsonarismo. Vai botar o boné do Trump novamente? Quantos empregos serão perdidos?”, questionou.
Lindbergh Farias (PT-RJ) ainda classificou a ação de Trump como “gravíssima” e disse que Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Tarcísio de Freitas estão por trás do ataque comercial de Trump contra o Brasil.
“GRAVÍSSIMO. Trump taxou produtos brasileiros em 50%. Toda a justificativa para retaliar o Brasil é política, numa tese de defesa do Bolsonaro como perseguido político. Os vira-latas bolsonaristas conseguiram. Penso que Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Tarcísio devem estar muito felizes em prejudicar o Brasil, nossa economia e nossos empregos. Nós defendemos o Brasil e nossa soberania. Eles são uns traidores!”, publicou.
“Temos um ataque econômico, mas temos um ataque às instituições, à democracia, ao Supremo Tribunal Federal. Por isso, temos certeza que o governo vai tomar uma medida contra esse posicionamento. É mais do que economia, é a defesa das instituições, da soberania nacional”, criticou.
No documento, Trump justifica a medida e citou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é réu no STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado. Ele também citou ordens do STF emitidas contra apoiadores do ex-presidente brasileiro que mantêm residência nos Estados Unidos.
“A gente está trazendo o nosso repúdio, a nossa indignação com o Trump e com essa extrema-direita. Vamos estar em diálogo com o Itamaraty, com o governo e, com certeza, vai ter uma posição do governo brasileiro e vai ter uma posição nossa no campo legislativo”, acrescentou o líder do PT na Câmara.
PROGRESSISTAS
Deputados do campo progressista criticaram a medida anunciada por Trump.
A deputada Duda Salabert (PDT-MG) criticou os deputados e políticos de direita que têm se posicionado favoráveis à política adotada pelos Estados Unidos.
“Agora é o momento para saber quem é patriota e quem não é. É o momento de saber quem é ‘lambe-botas’ dos Estados Unidos ou quem defende o povo brasileiro”, afirmou Salabert.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) defendeu resposta do governo brasileiro e citou a possibilidade de adoção de medidas de reciprocidade, como a imposição de tarifas iguais.
“O governo tem autonomia para utilizar medidas de reciprocidade para responder”, disse. “O governo é altivo e vai responder. Também não acredito que o Supremo Tribunal Federal vai recuar”, disse Jandira.
“TRABALHANDO CONTRA O POVO BRASILEIRO”
A deputada do PCdoB defendeu ainda a responsabilização política de deputados da direita e da extrema-direita, que apoiam as medidas de Trump e citou o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
“Temos que apontar a responsabilidade política desse campo que tem um correspondente nos Estados Unidos, que é o Eduardo Bolsonaro, que está trabalhando contra o povo brasileiro”, apontou.
O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) disse que iria protocolar moção de repúdio do Parlamento contra as medidas de Trump.
“Estou apresentando na Casa uma moção contra essa taxação que o governo Trump está impondo à economia do Brasil. É uma coisa absurda, estão nos tratando como se fossemos sabujo dos americanos, e esse Parlamento, de maneira altiva, tem que responder não à essa taxação. Temos que levantar a nossa voz e dizer ‘não’ ao Trump”, defendeu.
PROCESSO NO STF
O julgamento de Bolsonaro e dos outros integrantes no núcleo central do processo que julga a tentativa de golpe de Estado, o chamado “núcleo 1” ou “núcleo crucial”, entrou no período de alegações finais a partir de despacho do ministro Alexandre de Moraes, publicado em 27 de junho.
Pelo despacho, a partir da intimação, a PGR (Procuradoria-Geral da República) tem prazo de 15 dias para apresentar a versão final dos fatos investigados. Após esse tempo, o delator do complô golpista, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, terá o mesmo tempo para apresentar as próprias alegações finais.
Por último, as defesas dos outros 7 réus da Ação Penal 2.668 terão também 15 dias para apresentar ao Supremo a última manifestação antes do julgamento do caso pela Primeira Turma, composta por 5 ministros: além de Moraes, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino.
5 CRIMES
Todos os 8 réus, incluindo o próprio Bolsonaro, foram denunciados pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, pelos mesmos 5 crimes, que somadas, as penas podem ultrapassar os 40 anos de prisão:
· organização criminosa armada;
· tentativa de abolir violentamente o Estado Democrático de Direito;
· golpe de Estado;
· dano qualificado por violência; e
· grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.