Bolsonarista já foi afastado e está sendo investigado. Fraudador reduziu o número de mortos à metade. Capitão cloroquina saiu repetindo. País caminha para 500 mil mortos de Covid e responsáveis terão que pagar
Sem o menor respeito pelos quase 480 mil mortos da Covid-19 e suas famílias, Jair Bolsonaro voltou a citar, em evento realizado em Goiás, na quarta-feira (9), a tabela falsa, confeccionada por um de seus seguidores lotado no Tribunal de Contas da União (TCU). O objetivo da citação por Bolsonaro do “estudo paralelo” foi mais uma vez minimizar a gravidade da pandemia e defender a cloroquina.
Bolsonaro, que não podia ver um gabinete, um posto de gasolina ou um apartamento funcional, que imediatamente implantava uma “rachadinha” para roubar dinheiro público, achou que os gestores do SUS agiriam da mesma forma que ele e saiu repetindo os números do fraudador para insinuar que governadores e prefeitos estariam inflando os números de mortos para receber mais dinheiro. Ele foi prontamente desmentido pelo Tribunal de Contas.
O bolsonarista infiltrado no TCU, Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, tentou emplacar o seu relatório – que Bolsonaro e sua milícia usaram – como sendo oficial do TCU, mas foi pego em flagrante. O criminoso foi afastado do cargo por determinação da corregedoria do órgão e terá que prestar esclarecimentos de seu delito ao Ministério Público e à CPI da Pandemia.
O servidor falsário não se arriscou à toa, ele foi devidamente recompensado. Aliás antecipadamente. Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques já tinha sido formalmente indicado pelo Planalto para ocupar cargo de diretor no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Só não assumiu porque a presidência do TCU não autorizou sua cessão. Agora ele foi afastado e está sendo investigado pelo TCU.
Bolsonaro recebeu o documento falso e, no último dia 7, segunda-feira, disse a apoiadores que estava divulgando “em primeira mão” a informação sobre o suposto relatório, que teria sido divulgado pelo TCU “há alguns dias”.
“O relatório final, que não é conclusivo, disse que em torno de 50% dos óbitos por Covid no ano passado não foram por Covid, segundo o Tribunal de Contas da União”, afirmou Bolsonaro a apoiadores. “Esse relatório saiu há alguns dias. Logicamente que a imprensa não vai divulgar. Já passei para três jornalistas com quem eu converso e devo divulgar hoje à tarde. Está muito bem fundamentado, todo mundo vai entender, só jornalista não vai entender”, completou Bolsonaro.
O falsário, indicado para o cargo de auditor do TCU pelos filhos de Bolsonaro, elaborou um relatório mentiroso, reduzindo artificialmente o número de mortos pela Covid-19. Ele repassou este documento para as milícias digitais de Bolsonaro. Imediatamente Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e a deputada Bia Kicis (PSL-DF), reproduziram e espalharam a informação falsa por meio de redes sociais da milícia.
Diante do desmentido categórico do TCU, e da punição imposta ao funcionário bolsonarista que fraudou o documento, Bolsonaro havia admitido que o documento de Alexandre Figueiredo não era oficial, mas, nesta quarta, teve uma recaída e voltou citá-lo. Fez isso para insinuar novamente que todos os governadores e prefeitos do país estariam elevando artificialmente o número de mortos por Covid-19 com o objetivo de receber mais verbas.
Insistindo no documento falso, Bolsonaro agrediu as famílias dos mortos e todos os gestores do país. “Se a gente começa a analisar os óbitos em 2015, 2016, 2017, 2018, você vê que é crescente o número de óbitos, o que é natural, mas quando chega em 2020 dá um salto um pouquinho maior. Obviamente por causa da Covid. Mas se a gente pega o número de óbitos de 2020 e retira os que morreram por Covid, aproximadamente 200 mil, a tabela tem um crescimento negativo, mais uma constatação da supernotificação de casos de Covid”, afirmou. Ele mente para justificar sua criminosa sabotagem à vacinação e às medidas sanitárias de combate ao vírus.
Novamente Bolsonaro desdenhou a gravidade da pandemia. Ele usou os dados fraudados até para defender o uso de cloroquina e ivermectina, drogas comprovadamente ineficazes, para tratamento da doença. “Se nós retirássemos as possíveis fraudes, nós vamos ter em 2020, teremos 2020 sim, o país, o nosso país, o Brasil, como aquele com o menor número por milhão de habitantes por conta da Covid, aí vem o importante, que milagre é esse? O tratamento precoce”, defendeu.
Bolsonaro desdenha a pandemia para justificar a completa omissão de seu governo diante da tragédia vivida pelo povo brasileiro. É também a forma que o capitão cloroquina usa para justificar a sua tese genocida de imunidade de rebanho. Ele usou ainda o evento de Goiás para voltar a atacar as vacinas. “[Remédios do chamado tratamento precoce] não têm comprovação científica. E eu pergunto: a vacina tem comprovação científica ou está em estado experimental ainda? Está [em estado] experimental”, disse.
Desde o início da pandemia, Bolsonaro é contra as vacinas, defende não fazer nada e deixar a população a mercê do vírus. Não se importou em nenhum momento, e continua a não se importar, com o número de mortos que essa sua estupidez poderia causar. Já nos aproximamos de 500 mil mortos na maior crise sanitária dos últimos cem anos e o insano continua aferrado ao negacionismo criminoso, ao combate sem tréguas às vacinas e ao charlatanismo da cloroquina.
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