Desrespeitou a quarentena e voltou a promover aglomerações
Jair Bolsonaro visitou no sábado (2) um posto de gasolina às margens da BR-040, perto da cidade goiana de Cristalina, e voltou a desrespeitar a quarentena.
Bolsonaro cumprimentou apoiadores e posou para fotos, promoveu aglomerações e defendeu o fim da quarentena, contrariando as orientações das autoridades sanitárias para evitar a propagação do coronavírus.
Bolsonaro deixou Brasília de helicóptero e pousou no posto de gasolina. Ele aconselhou todos a usarem máscara, quando até isso ele nem recomendava há bem pouco tempo. “Vamos tomar cuidado e usar máscara”, afirmou.
Mas ele usava a máscara de forma incorreta, a todo momento retirando-a para tirar fotos e falar. Pelas determinações dos especialistas de saúde é errado puxar as máscaras para baixo ou retirá-las, especialmente em meio a aglomerações.
Num momento ele levou a mão ao nariz e depois, com a mesma mão, cumprimentou apoiadores. Levar a mão ao nariz é uma das principais formas de se contagiar e de espalhar o vírus.
Bolsonaro não se importa com o número de vítimas que o coronavírus pode causar e quer que as pessoas saiam às ruas para trabalhar, arriscando-se ao contágio do vírus e à morte.
Para ele, o vírus é uma “gripezinha” e um “resfriadinho”.
Esta semana, ao ser questionado sobre o número recorde de mortes pelo coronavírus – mais de 400 na terça-feira (28) – ele falou: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias [em referência ao sobrenome], mas não faço milagre”.
Ele já disse que muita gente ia morrer. “Paciência”, declarou.
Em todos os locais em que a quarentena é afrouxada, como quer Bolsonaro, as mortes e os casos de coronavírus disparam. E o “isolamento vertical (só grupos de risco em quarentena)” também não resolve.
Até a sexta-feira (1º de maio) à tarde, segundo as secretarias estaduais de saúde, o Brasil contava com 6.434 mortes. Uma semana atrás, na sexta-feira, dia 24, eram um pouco mais da metade: 3.704 mortes. No dia 17 de março foi anunciada a primeira morte por Covid-19 em São Paulo.
O país passou a ter quase 100 mil casos confirmados de coronavírus: 92.865.
Falas de Bolsonaro sobre a pandemia:
09 de março – “Coronavírus está superdimensionado”
10/03 – “Muito do que tem ali é mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga”.
11/03 – “O que eu ouvi até o momento, outras gripes mataram mais do que essa”.
16/03 – “Que vai ter problema vai ter, quem é idoso, (quem) está com problema, (quem tem) alguma deficiência, mas não é tudo isso que dizem”
17/03 – “Esse vírus trouxe uma certa histeria e alguns governadores, no meu entender, eu posso até estar errado, estão tomando medidas que vão prejudicar e muito a nossa economia”.
18/03 – “É grave, é preocupante, mas não chega ao campo da histeria e da comoção social. E é desta forma que nós encararemos essa situação”.
22/03 – “Há um alarmismo muito grande por grande parte da mídia. Alguns dizem que estou na contramão. Eu estou naquilo que acho que tem que ser feito. Posso estar errado, mas acho que deve ser tratado dessa maneira”.
24/03 – “[Os governadores e prefeitos] devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transporte, o fechamento dos comércios e o confinamento em massa”; “São raros os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos”.
26/03 – “Acho que não vai chegar a esse ponto, até porque o brasileiro tem que ser estudado, não pega nada. Vê o cara pulando em esgoto, sai, mergulha e não acontece nada”.
27/03 – “Infelizmente algumas mortes terão. Paciência, acontece, e vamos tocar o barco. As consequências, depois dessas medidas equivocadas, vão ser muito mais danosas do que o próprio vírus”.
29/03 – “O vírus tá aí, vamos ter de enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, pô, não como moleque. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida, todos nós vamos morrer um dia”.
30/03 – “Você não pode impor esse isolamento de forma quase que eterna, como alguns Estados fizeram. Tem que afrouxar paulatinamente para que o desemprego não aumente mais no Brasil”.
03/04 – “Esse vírus é igual uma chuva, vai molhar 70% de vocês, certo? Isso ninguém contesta. Toda a nação vai ficar livre de pandemia quando 70% (da população) for infectado”.
08/04 – “Cada vez mais o uso da cloroquina se apresenta como algo eficaz”.
12/04 – “Quarenta dias depois, parece que está começando a ir embora a questão do vírus”.
17/04 – “Essa briga de começar a abrir para o comércio é um risco que eu corro. Se agravar (a doença) vem ao meu colo”.
18/04 – “Falta humildade para essas pessoas que estão bloqueando tudo de forma radical”.
20/04 – “Ô, cara, quem fala de… Eu não sou coveiro, tá certo?”
28/04 – “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”.
29/04 – “Não vão botar no meu colo uma conta que não é minha”. [mais de 5,5 mil mortes na quarta-feira (29/04).