
A pediatra Al Najjar estava a serviço no hospital Nasser, de Khan Yunis, quando soube da morte dos filhos e, ao chegar ao local da casa bombadeada, viu saírem dos escombros corpos carbonizados de seus filhos. Nove dos seus dez filhos morreram ali, sob as bombas do regime fascista de Israel
“Alguém nos chamou dizendo que a nossa casa havia sido bombardeada. Cheguei lá ainda antes do pessoal da Defesa Civil”, disse ao portal Middle East Eye a pediatra Alaa Al Najjar, que estava na sexta-feira pela manhã atendendo no hospital Nasser,
Quando ela chegou a sua casa, lá estava seu irmão Dr. Hammid Al Najjar, ao lado do filho dele.
A casa estava tomada pelas chamas.
“Quatro dos filhos de Alaa foram retirados, diante dela, carbonizados”, disse o seu cunhado Ali Al Najjar.
“As crianças estavam completamente carbonizadas. Eu levei meu sobrinho Adam e meu irmão ferido e corri com eles para o hospital”.
“Diante da casa em chamas, eu pude ver minha cunhada com o horror estampado na sua face”, disse ainda Ali.
Nos primeiros momentos ela recebeu sete dos seus filhos mortos e dois ainda se encontravam sob os escombros da casa incendiada. Os dois restantes, incluindo um bebê foram encontrados a seguir, também mortos. Ao total, Alaa perdeu nove de seus dez filhos, o mais velho de 12 anos e o mais novo de seis meses.
A casa bombardeada pelas tropas de extermínio de Israel, ficava em uma região ao sul de Khan Yunis, fora, portanto, da região demarcada arbitrariamente por Israel como “perigosa área de combate”.
O Dr. Hammid, marido da pediatra está sob tratamento intensivo.
Sem equipamento estpecializado, os funcionários da Defesa Civil eram ouvidos do lado de fora da casa, ainda com focos de incêndio, gritando no esforço de encontrar sinais de vida.
Os filhos da Dra. Alaa, que faleceram queimados, eram Yahya, Rakan, Ruslan, Jubran, Eve, Revan, Sayden, Luqman e Sidra.
Segundo a Defesa Civil, a mãe não consegue identificar os corpos, porque as crianças estavam tão fortemente queimadas.

“Eu não sei porque eles foram atingidos. Por que atirariam em meu irmão? Será que é porque a mulher dele era médica e cuidava de crianças?”
UMA MULHER FIRME E DEDICADA
A Dra, Alaa Al Najjar insistiu em voltar ao trabalho pouco tempo depois de ter a bebê Sidra, determinada a seguir cuidando dos feridos no incessante bombardeio israelense.
In a testimony given to Middle East Eye, Dr Yousef Abu al-Rish, undersecretary of the Palestinian health ministry, said: “I learned that our colleague, Dr Alaa al-Najjar, was standing in front of the surgery room, waiting for any news about her son – the only surviving child out of 10. I rushed there, sensing I was about to witness a unique example of humanity: a doctor who left her own children behind in Gaza, a place where even attempting to describe the suffering only deepens the anguish.
“Ela deixou seus filhos em casa para cumprir seu deve para com todas as crianças doentes que não tinham mais a quem apelar além do hospital Nasser, que se tornou um local chocante devido ao constante choro de crianças”, declarou o Dr. Yousef Al Rish uma das autoridades de Saúde de Gaza.
Em seu depoimento quando de sua chegada ao hospital, o Dr. Youssef conta que “havia homens e mulheres na entrada, todos com suas faces nubladas pela dor, confusos, olhei para a mulher que achei a que tinha a expressão mais devastada e me dirigi a ela pensando em que palavras dizer quando a mulher me apontou para outra”.
“Calma, paciente e cheia de fé – assim estava a Dra, Alaa Al Najjar”.
“A última coisa que eu esperava”, confessou o Dr. Youssef, “que esta mulher firme fosse aquela que acabara de perder seus filhos”.
A REALIDADE DOS TRABALHADORES DE SAÚDE
De acordo com o Crescente Vermelho (equivalente árabe à Cruz Vermelha), pelo menos 1.400 profissionais de saúde foram assassinados de outubro de 2023.
Munir Al Bursh, também autoridade da Saúde em Gaza, declara que “esta é a realidade que o nosso corpo médico em Gaza tem que enfrentar. As palavras não conseguem expressar a dor”.
“Em Gaza, como vimos agora, o alvo não é apenas os trabalhadores de saúde, a agressão de Israel vai mais longe, varrendo famílias inteiras”, acrescenta o Dr. Munir.
Dos quase 54 mil palestinos mortos até aqui, 16.500 são crianças.
Das crianças mortas, segundo a autoridade médica palestina, 916 tinham menos de um ano; 4.365 estavam entre um a cinco anos de idade; 6.101 entre seis e 12 e 5.124 de 13 a 17 anos.
Diante do hediondo crime, segundo o jornal israelense Haaretz, “a força israelense disse: um avião atacou prédio com suspeitos” e que a informação de que “indivíduos não envolvidos foram prejudicados, está sendo verificada”.
A força de ocupação e extermínio de Israel declarou que, no sábado, realizou 100 ataques em Gaza. As informações são de que mais 90 palestinos foram assassinados neste dia 24.