Míssil disparado por caça israelense danificou o principal centro de testes e vacinação de coronavírus de Gaza na segunda-feira (17), informou o Ministério da Saúde da Autoridade Palestina na Cisjordânia.
Pelo menos dois andares do prédio foram destruídos, de acordo com um jornalista da CNNno local. Uma filial da organização Crescente Vermelho (a Cruz Vermelha Árabe) do Qatar relatou danos em seu escritório, que fica no interior do mesmo prédio atingido.
O Ministério palestino condenou o crime e disse que seu escritório administrativo no local também foi danificado.
“O ataque da ocupação israelense ao Ministério da Saúde e à Clínica Al Rimal causou uma interrupção total do trabalho do único laboratório central que examina os testes de coronavírus na Faixa de Gaza”, denunciou o subsecretário do Ministério da Saúde, Youssef Abu al Rish.
CLÍNICA DE MÉDICOS SEM FRONTEIRA É BOMBARDEADA
Outro míssil danificou uma clínica da organização humanitária Médicos Sem Fronteira (MSF) que cuida de casos de traumas e queimaduras. A informação diz que não houve feridos no local, mas que a explosão destruiu uma sala de esterilização e uma sala de espera. Os diretores decidiram fechar a clínica enquanto não haja um cessar-fogo.
Um dos integrantes da MSF que estava no local durante o bombardeio descreveu a cena como de horror: grandes explosões fizeram o prédio tremer, assim como as casas vizinhas. Ele viu mulheres e crianças correndo e gritando pela rua.
“A situação já estava horrível esta semana, com o número de civis feridos crescendo a cada dia, mas quando eu vi o dano à área e a clínica da MSF na manhã após o ataque, eu fiquei sem conseguir falar por um tempo”, disse o Dr. Mohammed Abu Mughaiseeb, vice-coordenador médico da MSF em Gaza.
“Tudo foi impactado- casas, estradas, árvores. A clínica onde nós atendemos mais de mil crianças a cada ano com ferimentos de queimaduras e traumas estava com uma parede a menos e detritos estavam espalhados por todo canto. A clínica está agora fechada não apenas por causa do dano a sua estrutura, mas também porque a rua que lhe dá acesso está interditada após destruída e a região ainda é insegura”, acrescentou o médico.
O acesso das pessoas a cuidados médicos inclusive com ferimentos que colocam vidas em risco está muito restrito depois de Israel ter danificado muitas ruas e estradas. Suprimentos médicos estão escasseando. Dois médicos foram mortos perto da clínica.
BOMBAS EM ÁREAS DENSAMENTE POVOADAS
Em outro comunicado, as autoridades disseram que as forças israelenses estavam visando “áreas residenciais densamente povoadas”, forçando cerca de 40.000 famílias a se mudarem para abrigos lotados, que desta forma se tornaram “um ambiente perigoso para a rápida disseminação da Covid-19.”
Na noite de segunda-feira, Israel realizou uma nova série de ataques contra a Faixa de Gaza, enquanto os militares israelenses expressaram gratidão aos Estados Unidos por mais uma vez bloquear uma resolução da ONU que pedia um cessar-fogo.
132 prédios foram destruídos e 316 seriamente danificados em Gaza, incluindo seis hospitais e nove centros de saúde, bem como uma usina de dessalinização, dificultando o acesso a água potável para cerca de 250 mil pessoas, de acordo com levantamento da ONU.