Na tarde deste domingo (9), o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais informou que encontrou os corpos das dez vítimas da queda de uma grande pedra dos cânions de Capitólio, no Sul de Minas. Em coletiva realizada à tarde, os Bombeiros e a Polícia Civil confirmaram que foram resgatados corpos e “fragmentos corpóreos” das vítimas.
Ontem (8), um paredão de rocha se desprendeu e atingiu três lanchas com turistas. Sete corpos já haviam sido localizados no sábado. A operação de busca com mergulhadores foi reiniciada às 5h deste domingo.
“A nossa primeira equipe de busca localizou mais um corpo. Esse corpo foi encontrado submerso, inteiro e já trazido para a região do posto de comando. A Polícia Civil passa agora a fazer os trabalhos de identificação. Neste momento nós contamos com oito óbitos já confirmados e carecemos ainda de localizar duas vítimas em princípio que ainda estão desaparecidas”, explicou o major Rodrigo Castro do Corpo de Bombeiros.
As oito pessoas que já foram encontradas estavam na mesma embarcação, que tinha a identificação do nome “Jesus”. Os corpos das vítimas são encaminhados para o IML de Passos (IML), para realização do exame necroscópico que deve indicar a causa de morte, se houve afogamento ou politraumatismo contuso, e também inclui exame toxicológico.
Os trabalhos de busca foram retomados por volta das 5h. A corporação informou que cerca de 50 militares estão atuando na área. Onze mergulhadores também participam da operação. Além disso, 7 viaturas, 4 lanchas e 3 motos subaquáticas estão sendo utilizadas pelos militares.
“A operação permanece integrada envolvendo esforços do Corpo de Bombeiros, mas também da Polícia Militar, da Polícia Civil, da Defesa Civil e também da Marinha do Brasil. Uma operação que conta com mais de 50 militares na área de busca, área que foi delimitada ontem”, disse o porta-voz do Corpo de Bombeiros, tenente Pedro Aihara.
TRAGÉDIA
Segundo os bombeiros, o desabamento no paredão em Capitólio ocorreu entre 12h30 e 13h. Quatro embarcações foram atingidas com o impacto da queda da rocha (direta e indiretamente). São elas: embarcação EDL (14 pessoas foram resgatadas com vida); Jesus (oito pessoas morreram e outras duas seguem desaparecidas); uma lancha vermelha, sem identificação (10 socorridas); e Nova Mãe (9 socorridos).
As autoridades estimam que de 70 a 100 pessoas estavam no local no momento da tragédia.
Cerca de duas horas antes do desabamento da rocha, a Defesa Civil de Minas Gerais havia emitido um alerta para chuvas intensas na região com possibilidade de “cabeça d’água” —não se sabe se existe alguma norma que proíba a entrada de turistas nessa situação no local onde ocorreu o acidente.
Na tarde de sábado, a Marinha havia informado que investigaria por que os passeios foram mantidos mesmo após os alertas. Depois, emitiu comunicado dizendo que “o ordenamento do espaço aquaviário onde ocorreu o acidente está sob a jurisdição da Prefeitura de Capitólio”.
Também por meio de nota, a administração municipal afirmou ontem que “expressa profundo pesar” pelo acidente. “Seguimos buscando apurações sobre a fatalidade referente ao número total de vítimas”, relata o texto.
Abaixo, a lista dos mortos da tragédia de Capitólio:
- Júlio Borges Antunes, de 68 anos, natural de Alpinópolis (MG);
- Adolescente de 14, de Alfenas (MG);
- Homem de 37, de Itaú de Minas (MG);
- Homem de 40 (piloto da lancha), de Betim (MG);
- Mulher de 43, de Cajamar (SP);
- Mulher de 18, de Paulínia (SP);
- Idoso de 67, de Anhumas (SP);
- Mulher de 57, de Itaú de Minas;
- Homem de 24, de Campinas (SP)
- Homem de 35, de Passos;
A Polícia Civil anunciou que os peritos criminais foram até o local do desabamento para identificar os danos e as causas do acidente.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), cancelou sua ida a Capitólio neste domingo por causa do mau tempo na região. Ontem, ele lamentou o acidente por meio de mensagem publicada nas redes sociais e disse à GloboNews que pretendia ir ao local hoje. “Por causa das fortes chuvas que atingem Minas Gerais, as quais inviabilizam as autorizações e condições para voo, o governador Romeu Zema não irá a Capitólio neste domingo. Nova data para a viagem será anunciada em breve”, informou a Secretaria de Governo.
Por meio de nota, a Eletrobras Furnas, principal empresa a operar na região, “lamenta profundamente essa tragédia e se solidariza com as vítimas e seus familiares”.
O prefeito de Capitólio (MG), Cristiano Geraldo da Silva (Progressistas), anunciou neste domingo (9) a suspensão das atividades de turismo aquático na cidade. De acordo com o prefeito, as entradas para os cânions estão fechadas.
Cristiano disse à TV Integração que, desde 2020, quando duas pessoas morreram no local por causa de uma tromba d’água, é feito um trabalho de conscientização com as empresas e donos de lanchas.
“Nós temos dentro do município uma legislação que proíbe a ancoragem dentro do cânion e as pessoas nadarem lá. Então eles já têm essa noção, essa dimensão da tromba d’água e essa fatalidade que aconteceu a gente acredita, e precisamos de parecer técnico, não tem relação com tromba d’água.”