O deputado federal e candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (Psol), declarou nesta quarta-feira (7) que a Venezuela não é o seu “modelo de democracia” e que considera a justa a cobrança por mais transparência no pleito presidencial de 28 de julho, posição também defendida por seu partido.
O candidato ressalta que o país vizinho está a 4 mil quilômetros de distância e que a “milicianização” que avança da Guarda Civil Metropolitana (GCM) é uma ameaça “muito mais candente à democracia da nossa cidade”.
“Não é o meu modelo de democracia. Estamos propondo e cobrando um modelo de transparência. Se ficar comprovado que houve fraude nas eleições e o governo que exercitou fraude permanecer no governo, aí você não terá mais uma democracia”, disse, em sabatina do portal G1.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, controlado pelo governo do país, declarou Nicolás Maduro como o vencedor das eleições. Segundo o órgão, o chavista conquistou 51,2% dos votos válidos contra 44,2% do candidato oposicionista Edmundo González Urrutia. Os adversários de Maduro contestam os resultados e declaram Gonzáles Urrutia vencedor com 70% dos votos.
“Se ficar comprovado que houve fraude nas eleições e o governo que exercitou a fraude permanecer, não vai ter mais lá uma democracia”, disse ao ser perguntado se considera o governo do presidente Nicolás Maduro (Partido Socialista Unidos da Venezuela, esquerda) uma democracia ou uma ditadura.
“Democracia para mim é um princípio inegociável, seja aqui, seja na Venezuela, seja em qualquer parte. Isso é importante que fique dito. Eu sou filiado ao PSOL, ajudei a construir a nota partidária, e o meu posicionamento é o de que as cobranças por transparência no modelo eleitoral da Venezuela são absolutamente justas. E que o governo venezuelano e o Tribunal Eleitoral de lá precisam prestar esse esclarecimento para a sociedade como um todo”, completou o candidato do PSOL.
No último dia 29, logo após a eleição na Venezuela, Boulos afirmou que estava acompanhando “com preocupação” a situação no país vizinho. Sem criticar o processo eleitoral, o deputado do PSOL disse que vai esperar a posição da diplomacia brasileira e a divulgação das atas das sessões eleitorais.
“Acompanhamos com preocupação a situação da Venezuela. Vamos esperar a posição da diplomacia brasileira, que está monitorando de perto a situação no país e aguardando a divulgação das atas das sessões eleitorais”, disse Boulos.
O congressista respondeu também que a Venezuela “está a mais de 4.000 km” e que há “assuntos mais urgentes” para serem tratados em São Paulo.
MILICIANIZAÇÃO
“Um candidato que é apoiado por [Jair] Bolsonaro [PL] [em referência ao prefeito Ricardo Nunes, do MDB] avança num projeto de ‘milicianização’ da Guarda Municipal, o crime organizado entrando em contratos com a prefeitura, são ameaças muito mais candentes à democracia da nossa cidade do que qualquer debate internacional”, disse.
“Temos feito um debate sobre a Prefeitura de São Paulo e é lógico que o debate democrático é importante e não me furtarei dele, mas sou candidato a prefeito de São Paulo e preciso tratar sobre essas questões que afligem a população de uma maneira muito mais forte do que um debate diplomático internacional”, afirmou.
PROPOSTAS
Durante a sabatina, Guilherme Boulos falou sobre como pretende solucionar problemas da Prefeitura de São Paulo, se for eleito. Eis alguns destaques:
segurança pública: o candidato disse que pretende “valorizar e dobrar” o efetivo da Guarda Municipal de São Paulo. Hoje, são cerca de 7.000 agentes. Passariam a 14.000. Citou como prioridades o policiamento comunitário e o combate à violência contra mulher e o enfrentamento a roubo e furto de celular;
Cracolândia: Boulos quer combater o tráfico de drogas na região e tratar os dependentes químicos. Pretende fazer isso integrando ações para saúde mental, como a busca ativa do Caps (Centro de Atenção Psicossocial) Móvel, para a assistência social e segurança púbica junto à Guarda Civil;
moradia: o psolista disse que deseja abranger 100 mil famílias em um programa de urbanização, que deve ter como principais linhas a construção de novas casas junto ao governo federal, a melhoria de residências e a desapropriação de imóveis públicos.