Em entrevista, ele jogou sobre as costas do general Mário Fernandes a responsabilidade pela trama golpista de assassinar Lula, Alckmin e Moraes
A família Bolsonaro já é bastante conhecida como puxa-saco dos americanos. Quem não se lembra da vergonhosa continência do “mito” à bandeira americana? Ou da escandalosa entrega que ele fez da Amazônia ao bilionário, Elon Musk, atualmente membro do governo de Trump?
Agora, o apresentador do SBT, Danilo Gentili, estendeu essa crítica também ao filho mais novo, Eduardo Bolsonaro, que deu vexame ao ficar plantado sob a neve e ser barrado na posse de Donald Trump. “Por que você só sabe puxar saco do americano que te barrou na festa dele?”, indagou o jornalista nesta quinta-feira (23) ao “zero três”, como é chamado o deputado.
Ele também apontou a covardia de Jair Bolsonaro em relação a seus cúmplices na tentativa de golpe de 2022, ao final de seu governo. “O cara nem foi preso e já está negando quem segurou a bucha dele”, disse o jornalista do SBT. Ele se referia à entrevista dada pelo Bozo à CNN onde ele tentou tirar o corpo fora e jogou toda a culpa do plano de golpe nos seus comparsas.
“Quem escreveu que se responsabilize”, disse Bolsonaro, sobre o plano descoberto pela Polícia Federal, no qual constava a meta de assassinato do presidente Lula, de seu vice, Geral Alckmin, e do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
O plano visava manter Bolsonaro no poder mesmo após sua derrota eleitoral para Lula. Há no relatório da Polícia Federal a descrição detalhada de uma das operações dos chamados “kids pretos” – um grupo de militares ligados às Forças Especiais do Exército – onde o plano era sequestrar e eliminar o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Os agentes chegaram a sair em campo para executar o plano. Vigiaram o ministro e, antes de dar o bote final, houve falha operacional e a ação teve que ser abortada. Há gravações dos agentes que foram recuperadas pelos peritos.
Várias testemunhas, entre elas o ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, afirmaram que o ex-presidente estava a par de todos os detalhes do plano – que era coordenado por seu vice, general Braga Neto – e seria o grande beneficiado do golpe de Estado. “Isso está na conta do general Mario e, pelo que fiquei sabendo, não está lá no plano o nome dos três lá, dá a entender que são eles. […] Você vai sequestrar e envenenar? Os cara vivem com N seguranças, era um clima impossível”, disse Bolsonaro. Ele próprio chegou a apresentar a minuta de um decreto de intervenção no TSE aos comandantes militares.
Questionado sobre a possibilidade de prisão a partir de indiciamentos e investigações realizadas pela Polícia Federal, o ex-presidente tentou fugir do fato de que existem provas contundentes contra ele e reclamou que “hoje em dia, qualquer um pode ser preso sem motivo nenhum”. Nada mais longe da verdade. O relatório da PF tem mais de 400 páginas recheadas de provas contra Bolsonaro e seu grupo.
Há dezenas de motivos para sua prisão, que deve ocorrer assim que o Supremo julgar o processo. Ele ainda questionou as acusações do golpe de estado e argumentou contra a decisão da Justiça sobre a prisão do general Walter Braga Netto. A prisão preventiva do general quatro estrelas é atribuída ao fato de que o militar tentou interferir nas investigações criminais. Ele continua atrás das grades.
Em outra parte da entrevista, Bolsonaro deixa escapar que pode fugir do país. Aliás, esse foi o motivo da não devolução de seu passaporte para que ele pudesse bajular Donald Trump, durante sua posse, no último dia 20 de janeiro, em Washington. “Eu não vou fugir do Brasil. Eu podia ter ficado lá quando fui para os Estados Unidos. Quando fui à posse do Milei poderia ter ficado”, afirmou.
Fica claro que esta possibilidade existe. Ele chegou a se refugiar na embaixada da Hungria assim que as investigações avançaram e a possibilidade de prisão apareceu no horizonte.