O Itaú Unibanco obteve no primeiro trimestre de 2018 o lucro líquido de R$ 6,419 bilhões, um incremento de 3,9% sobre o lucro do mesmo período de 2017. Este resultado exclui efeitos de receitas e despesas extraordinárias e foi alavancado na maior receita de tarifas, cartões de crédito e redução das provisões para “devedores duvidosos”, leia-se aí maior venda de títulos para o governo.
O lucro do Bradesco, no mesmo trimestre, foi de R$ 5,1 bilhões, que representou um salto de 9,8% sobre os resultados do ano anterior. Também exclui efeitos extraordinários e foram impulsionados pelos mesmos fatores do Itaú.
A rentabilidade do Itaú, ou o quanto o lucro representa do investimento, foi de sobejos 22,2%, a maior entre os grandes bancos brasileiros e quase o dobro entre os maiores bancos do mundo. A do Bradesco ficou em 18,6%, também num patamar muito elevado.
O Itaú obteve forte resultado originário de Tesouraria, no valor de R$ 1,7 bilhão, subindo em 21,4% na comparação com o trimestre anterior. Os lucros de Tesouraria advêm do lucro fácil nas aplicações nos títulos do Tesouro Nacional, indicando, no entanto, limitações nas operações de financiamento para empresas. As menores provisões de perdas com “devedores duvidosos” estão também escoradas, como dissemos, por estas aplicações, visto que os títulos do governo são considerados sem risco.
Os resultados da pesquisa do IBGE, dando conta do aumento de mais de um milhão e meio de desempregados, no mesmo primeiro trimestre em que Itaú, Bradesco e o espanhol Santander exibem lucros nababescos, que somam R$ 14,32 bilhões em três meses, são indicativos que os bancos estão lucrando na crise e mais que isso, com a crise.
São décadas de lucros ostentosos, com exceções que confirmam a regra, enquanto a indústria, carro chefe de qualquer economia próspera e saudável, no mesmo período e nos anos mais recentes, assim como amplos setores da economia, estão à mingua, com um esgarçamento visível do tecido social.
Em duas manifestações, entre 2015 e 2016, o Sr. Roberto Setúbal, então presidente do Itaú, afirmou: “Sem dúvida, os bancos também perdem com a crise” ou “ a crise está atingindo a todos”. Numa delas fazendo a defesa da Sra. Dilma, na ocasião patrocinando uma escalada das taxas de juros, que continuam entre os três mais altos do mundo.
Como se vê, isso não corresponde aos fatos. As taxas de juros no “espaço sideral” estão funcionando como verdadeiro aspirador de alta potência, sugando os resultados, de quase todos, para si, estrangulando a sociedade. Como diz o dito popular, a respeito daquela especiaria ardida, que nos olhos dos outros é refresco, é disso que se trata.
J.AMARO