Planejamento foi apresentado e validado durante reunião, realizada em 12 de novembro de 2022, na residência do candidato a vice de Bolsonaro
Mais uma novidade escabrosa pulula do relatório da PF (Polícia Federal), tornado público nesta terça-feira (26), e revela detalhes sobre o envolvimento do ex-ministro da Defesa, general Walter Souza Braga Netto, então candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL), nas eleições de 2022, em plano denominado “Punhal Verde Amarelo”.
Esse plano, segundo a investigação da PF, previa o uso de veneno e explosivos com o objetivo de assassinar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e Alexandre de Moraes, em dezembro de 2022, ainda antes da posse de Lula e Alckmin, na Presidência da República.
Naquele momento, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes era presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
De acordo com o relatório, o plano foi elaborado pelo general Mario Fernandes, 1 dos 4 militares presos na operação Contragolpe, realizada na última semana, pela PF.
BRAGA NETTO NO CENTRO DA OPERAÇÃO
O planejamento foi apresentado e validado em reunião crucial realizada, em 12 de novembro de 2022, na residência de Braga Netto. Importante não esquecer que Lula e Alckmin já haviam sido eleitos, respectivamente, presidente e vice da República.
Nesse encontro, o ex-ministro da Defesa, e candidato a vice-presidente, teria, segundo o relatório da PF, aprovado as ações propostas, que incluíam medidas violentas para tentar impedir a posse do governo eleito, em outubro de 2022, e restringir a atuação do Poder Judiciário.
A PF também aponta que, além de Braga Netto, participaram dessa reunião militares conhecidos como “kids pretos” — denominação dada aos membros das Forças Especiais do Exército.
PLANEJAMENTO DAS AÇÕES CLANDESTINAS
O objetivo da reunião era, conforme o relatório, “apresentar o planejamento das ações clandestinas com o objetivo de dar suporte às medidas necessárias para tentar impedir a posse do governo eleito e restringir o exercício do Poder Judiciário”.
Entre os participantes estavam o tenente-coronel Mauro Cesar Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, o major Rafael de Oliveira e o tenente-coronel Ferreira Lima.
A presença de Cid, “lugar-tenente” de Bolsonaro nas articulações golpistas, coloca o então presidente da República no centro das operações, pois o então ajudante de ordens não poderia estar na reunião sem a anuência direta do chefe dele.
Daí é impossível imaginar ou alegar que o ex-chefe da Executivo não sabia ou não concordava com a trama golpista e seus objetivos.
A reunião foi descrita pela PF como o momento em que o planejamento foi formalmente apresentado e aprovado por Braga Netto.
ENVOLVIMENTO DIRETO E ATIVO DE BRAGA NETTO
O relatório da PF ressalta que o plano “Punhal Verde Amarelo” fazia parte de conjunto de estratégias articuladas por setores do governo e militares alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro para frustrar a transição entre o governo cessante e o eleito, em outubro de 2022.
A violência era vista pelos envolvidos na trama golpista como medida viável para alcançar os objetivos do grupo.
A aprovação desse plano pelo general Braga Netto é ponto central na investigação, pois demonstra o envolvimento direto e ativo dele nas articulações golpistas.
M. V.