O ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice de Bolsonaro, general da reserva Braga Netto, entregou, dentro de uma caixa de vinho, dinheiro para financiar a trama do assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A informação é da jornalista Juliana Dal Piva, colunista do portal ICL Notícias.
Mauro Cid contou em depoimento que Braga Netto se reuniu, nos últimos meses de governo Bolsonaro, com os “kids pretos”, como são chamados os militares com formação nas Forças Especiais, em uma residência oficial da Presidência para entregar-lhes o dinheiro.
Durante esse encontro, Braga Netto passou o dinheiro escondido dentro de uma caixa para guardar vinhos.
Cid ainda relatou que o então presidente Jair Bolsonaro recebia informes diários diretamente de Braga Netto sobre os planos de assassinatos denominados “Punhal Verde e Amarelo”, que falava sobre os assassinatos.
Segundo o ICL Notícias, a informação foi confirmada por duas fontes ligadas à investigação.
Em fevereiro/março deste ano, a Polícia Federal encontrou mensagens no celular do tenente-coronel e ex-ajudante de ordens mostrando um diálogo em que Cid oferece ao major Rafael Martins de Oliveira um auxílio de R$ 100 mil para bancar a ida de um “pessoal” a Brasília para manifestações bolsonaristas. Esse “pessoal” seria um grupo de “kids pretos”, que são as forças especiais do Exército. As informações são da colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo.
Em depoimento à PF naquele período, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro afirmou que ele recorreu ao ex-ministro da Defesa, Braga Netto, para conseguir o dinheiro. O ex-ministro teria ordenado que procurassem o Partido Liberal (PL) para pedir os recursos.
Mauro Cid, que tem um acordo de colaboração premiada, contou o caso em seu depoimento para o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito.
Ele prestou um primeiro depoimento para Alexandre de Moraes, no dia 21 de novembro, pressionado após a Operação Contragolpe, da Polícia Federal, que revelou a existência dos planos de assassinatos. Na quinta-feira (5), ele prestou um novo depoimento para a PF.
Conforme mostram as provas obtidas pela PF, o grupo de kids pretos esteve, no dia 12 de novembro de 2022, na casa de Braga Netto para combinar com o general bolsonarista os detalhes do plano.
Um documento intitulado “Planejamento – Punhal Verde e Amarelo” foi impresso pelo general Mário Fernandes, que trabalhava no governo de Jair Bolsonaro, dentro do Palácio do Planalto.
O documento detalhava como o plano deveria acontecer, prevendo o envenenamento do presidente Lula, assim como os assassinatos de seu vice, Geraldo Alckmin, e o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para que a chapa eleita não assumisse a Presidência.