O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, falou à Polícia Federal que o dinheiro entregue pelo general Walter Braga Netto para a execução do golpe de estado “havia sido obtido junto ao pessoal do agronegócio”.
A informação consta no relatório da PF que embasou o pedido de prisão preventiva de Braga Netto, que foi ministro da Defesa e da Casa Civil de Jair Bolsonaro, além de seu candidato a vice.
Segundo Mauro Cid, que fechou um acordo de colaboração premiada, o general Braga Netto entregou, durante uma reunião em dezembro de 2022, o dinheiro para o coronel Rafael de Oliveira, que organizava os assassinatos de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.
“O dinheiro foi entregue numa sacola de vinho”, relatou Cid, e serviria “para a realização da operação”.
“O general Braga Netto afirmou à época que o dinheiro havia sido obtido junto ao pessoal do agronegócio”, continuou Cid em depoimento.
A Polícia Federal associa a isso o fato de que Rafael Oliveira comprou com dinheiro vivo o celular que seria usado por ele para os assassinatos planejados de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. O celular era um iPhone 12, que hoje custa mais de R$ 2.500.
Além disso, os chips que seriam usados pelos criminosos foram todos carregados com R$ 20 em créditos, pagos em espécie e “de forma sequencial” em uma farmácia em Brasília.
Nos documentos que foram tornados públicos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) não é citado qualquer nome do agronegócio que teria feito a doação para o grupo golpista.
Em mensagens trocadas com Mauro Cid, que foram obtidas pela PF, o coronel Rafael de Oliveira apresentou uma estimativa de que o grupo precisava de R$ 100 mil para realizar os assassinatos.
Para a Polícia Federal, “há fortes indícios e substanciais provas de que, no contexto da organização criminosa, o investigado Walter Souza Braga Netto contribuiu, em grau mais efetivo e de elevada importância do que se sabia anteriormente, para o planejamento e financiamento de um golpe de Estado”.
Braga Netto foi preso, neste sábado (14), de forma preventiva por tentativa de obstruir a Justiça e atrapalhar as investigações. Ele tentou acessar informações sigilosas sobre o acordo de colaboração premiada de Mauro Cid e ainda combinou versão com outros investigados.