Pelo golpe, aliado de Bolsonaro mandou “viralizar” insultos contra o atual comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva
O general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil de Bolsonaro, estimulou e pediu para “viralizar” ataques contra o general Tomás Ribeiro Paiva, atual comandante do Exército, por não ter aderido à tentativa de golpe contra Lula.
Em uma conversa, obtida pela PF no celular de outro militar, Ailton Gomes, Braga Netto falou que o general Paiva “nunca valeu nada” e o chamou de “fraco”.
Ao final, diz: “pode viralizar”.
As mensagens foram enviadas entre os dias 15 e 17 de dezembro, pouco antes da diplomação de Lula, que havia sido eleito presidente. O governo Bolsonaro estava se movimentando para dar um golpe a fim de impedir a sucessão.
“O Tomás [Ribeiro Paiva] foi no VB [Villas Boas] ontem… E aí… acredite… ele deu uma mijada no VB e na CIDA”, esposa de Villas Boas que esteve no atentado do dia 8 de janeiro.
“Terminou dizendo que os dois serão prejudicados com as intervenções ‘sem noção’ que estão fazendo”, continua o relato.
“Parece até que ele é PT desde pequenininho… ! Mostrou que ele tem que estar contra tudo que está acontecendo… inclusive contra o Arruda”, referindo-se ao general Júlio César de Arruda, que assumiu o Comando do Exército no começo de 2023, mas foi exonerado por Lula depois que se recusou a cumprir ordens.
“Nunca valeu nada!! A ambição derrota o caráter dos fracos. Aliás… revela”, diz a mensagem de Braga Netto. “Ele ainda meteu o pau no Paulo Sérgio [Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa de Bolsonaro], disse que ele tem que ficar quieto! A CIDA ficou louca, se retirou da sala”, acrescentou.
Outras mensagens apreendidas pela PF mostram Braga Netto atacando o então comandante do Exército, Freire Gomes, por ter frustrado os planos golpistas do antigo governo.
“Infelizmente tenho que dizer que a culpa do que está acontecendo e acontecerá é do gen Freire Gomes. Omissão e indecisão não cabem a um combatente”, falou Braga Netto.
O bolsonarista ainda o chamou de “cagão” e defendeu oferecer “a cabeça dele”.
Além disso, Braga Netto orientou Ailton Gomes a “elogiar” o almirante Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, que tinha aderido ao golpe, e “foder” o Baptista Júnior, que comandava Aeronáutica, que foi contrário. “Inferniza a vida dele e da família”, escreveu.
Braga Netto encaminhou para Ailton Gomes imagens chamando Baptista Júnior de “humorista” e “comunista”.