Ministro Mauro Vieira participou, neste sábado (21), da Cúpula de Cairo, Egito, e disse em nota que é chegado o momento de “pôr um ponto final a esse derramamento de sangue e a essa guerra que, no fundo, afeta todo mundo”
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que os bombardeios de Israel contra hospitais em Gaza são “inaceitáveis” e defendeu que a comunidade internacional deve agir para assegurar “um cessar-fogo imediato” e a criação de corredores humanitários.
A fala foi feita neste sábado (21) na Cúpula da Paz, que está sendo realizada em Cairo, capital do Egito, com a presença do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, e de diversos países.
“A destruição de infraestrutura civil, incluindo de atendimento à saúde, é inaceitável”, apontou Vieira.
“Acompanhamos com consternação a explosão de bomba ocorrida no hospital Al Ahli-Arab, e lamentamos as centenas de mortes de civis, incluindo pacientes, médicos, enfermeiros e outros trabalhadores da área humanitária”, disse o ministro das Relações Exteriores do Brasil.
No bombardeio contra o hospital Al-Ahli, aproximadamente 500 civis morreram, grande parte crianças e mulheres.
Para Mauro Vieira, que foi à Cúpula representando o presidente Lula, “a comunidade internacional deve exercer os máximos esforços diplomáticos para garantir o rápido estabelecimento de corredores e pausas humanitárias e um cessar-fogo imediato”.
“A crise atual exige uma ação humanitária multilateral urgente para acabar com o sofrimento dos civis apanhados no meio das hostilidades”, continuou.
Mauro Vieira afirmou, em mensagem implícita aos Estados Unidos, que “enquanto sempre haverá quem esteja pronto a colocar gasolina no fogo, o Brasil pede diálogo”.
Os EUA estão enviando armas e estimulando os ataques de Israel contra a Palestina. O país enviou somente um embaixador de baixa influência para a Cúpula da Paz. Israel não enviou ninguém.
O chanceler ainda disse que apesar dos esforços do Brasil, “lamentavelmente o Conselho de Segurança não pôde adotar uma resolução no dia 18 de outubro”. A resolução apresentada pelo Brasil foi vetada pelos Estados Unidos.
“Os muitos votos favoráveis – de 12 dos 15 membros – evidenciam o amplo apoio político em favor de uma ação rápida por parte do Conselho. Acreditamos que essa visão é compartilhada pela comunidade internacional em geral”, continuou.
“Permitam-me que seja claro: há um amplo chamado político em favor da abertura das pausas humanitárias urgentemente necessárias, do estabelecimento de corredores humanitários e da proteção dos profissionais da área humanitária”, falou em seu discurso.
“A paralisia do Conselho de Segurança vem tendo consequências negativas para a segurança e para as vidas de milhões de pessoas. Isso não é do interesse da comunidade internacional”, acrescentou.
Mauro Vieira ainda comentou que o Brasil tem “cidadãos esperando ser evacuados de Gaza, enquanto olhamos de forma alarmada a deterioração da situação humanitária da região, especialmente a falta de remédios, alimentos e água”.
O resgate dessas pessoas está sendo impedido por Israel, que está bombardeando a passagem de Rafah, que liga Gaza ao Egito.
“DERRAMAMENTO DE SANGUE”
Em nota antes da cúpula, Vieira declarou que a expectativa com o evento “é que se crie uma consciência de que é chegado o momento de pôr um ponto final a esse derramamento de sangue e a essa guerra que, no fundo, afeta todo mundo”.
“Eu venho ao Cairo hoje por instrução do presidente Lula para representá-lo nesta importante conferência que está sendo promovida pelo governo egípcio para se discutir a questão da guerra no Oriente Médio e, sobretudo, para trazer a mesma mensagem que nós apresentamos no Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova York, que é chegar no momento de se tomar medidas de ajuda humanitária para aliviar o sofrimento do povo de Gaza”, disse o ministro.
Mauro Vieira assinalou que “chegou o momento de se tomar medidas de ajuda humanitária para aliviar o sofrimento do povo de Gaza”. “Não é possível mais que continue com uma carência absoluta de todos os víveres, de todos os bens de primeira necessidade, até de água”, disse. “Precisamos discutir essa questão antes que a situação se transforme num problema humanitário de maior volume ainda”, alertou o ministro.