
O Pavilhão do Brasil foi premiado com o Leão de Ouro na 18ª Exposição Internacional de Arquitetura – La Biennale di Venezia. Com curadoria dos arquitetos Gabriela de Matos e Paulo Tavares, o Leão de Ouro distingue a exposição “Terra”, e é a primeira vez que este prêmio de renome internacional é concedido ao Brasil.
A mostra retrata o Brasil do Xingu, da Amazônia brasileira. Os curadores sugerem pensar o país como chão e território, proporcionando uma experiência direta com territórios indígenas e quilombolas.
A Ministra da Cultura, Margareth Menezes, que esteve presente na solenidade de abertura do Pavilhão Brasileiro, também parabenizou os arquitetos Gabriela de Matos e Paulo Tavares, além de todos que participaram do projeto: “Estamos muito felizes com este prêmio que reposiciona o Brasil no cenário arquitetônico internacional com a exposição Terra, que traz as origens do nosso país para a Bienal de Veneza”.
“É DO BRASIL! Pela primeira vez na história, o Pavilhão do Brasil ganhou o Leão de Ouro na Bienal de Arquitetura de Veneza! Parabéns à exposição “Terra”, que traz nossas origens com tanta força e poesia, e aos arquitetos e curadores Gabriela de Matos e Paulo Tavares!”, escreveu a ministra ao anunciar a vitória no Twitter.
O Ministério da Cultura investiu R$ 1,5 milhão na exposição com objetivo de dar “sequência à agenda de reconstrução do intercâmbio cultural internacional”.
A decisão de atribuir o Leão de Ouro foi tomada pelos membros do júri internacional do 18ª Mostra Internacional de Arquitetura: o arquiteto e curador italiano Ippolito Pestellini Laparelli (presidente); a arquiteta e curadora palestina Nora Akawi; o diretor americano e curadora do The Studio Museum di Harlem, Thelma Golden; o fundador sul-africano e coeditor da revista Cityscapes, Tau Tavengwa; a polonesa Izabela Wieczorek, arquiteta na Espanha e um pesquisador e educador de Londres. O júri é nomeado pelo Conselho de Administração de La Biennale di Venezia por recomendação de Lesley Lokko, curadora da 18ª Exposição intitulada O Laboratório do Futuro.
Segundo o júri, o “Leão de Ouro de Melhor Participação Nacional foi concedido ao Brasil por uma exposição de pesquisa e intervenção arquitetônica que centram as filosofias e imaginários de população indígena e negra em vias de reparação”.
A exposição Terra propõe repensar o passado a fim de projetar futuros possíveis, trazendo à tona atores esquecidos pela arquitetura cânone, em diálogo com o tema da edição deste ano, Laboratório do Futuro. A partir de uma reflexão sobre o Brasil de ontem, de hoje e do futuro, a exposição coloca a terra no centro do debate tanto como elemento poético quanto concreto no espaço expositivo.
Todo o pavilhão foi preenchido com terra, colocando o público em contato direto com tradição dos territórios indígenas, das habitações quilombolas e das cerimônias do candomblé. A proposta dos arquitetos se baseia em pensar o Brasil como terra.
“Terra como solo, adubo e território. Mas também a terra em seu sentido global e cósmico, como planeta e casa comum de toda a vida, humanos e não humanos. A Terra como memória, mas também como futuro, olhando para o passado e para o patrimônio ampliar o campo da arquitetura diante das mais prementes questões urbanas, territoriais contemporâneas e questões ambientais”, explicaram os arquitetos.
Após receberem o prêmio, os curadores agradeceram: “Estamos muito felizes em receber esta oportunidade, inspirados por Lesley Lokko, de apresentar o Brasil como um território diaspórico, com grandes contribuições ancestrais dos povos afro-brasileiros e indígenas. Acreditamos que são essas tecnologias que devem fazer parte das soluções para criar um futuro diferente e mais igualitário para a humanidade e restaurar e proteger nosso mundo”.
José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal de São Paulo e comissário do Pavilhão Brasileiro, também comentou a vitória da exposição: “É uma grande honra ter organizado esta exposição com os curadores Gabriela de Matos e Paulo Tavares, convidados pela Fundação Bienal de São Paulo pelo seu trabalho impactante com as culturas afro-brasileira e indígena, que agora é reconhecido internacionalmente pela Bienal de Veneza. Parabéns aos curadores e a todos os diferentes projetos e comunidades que estão representados no Terra!”.
Além dos curadores Gabriela de Matos e Paulo Tavares, a exposição “Terra” também conta com os seguintes colaboradores: Povo indígena Mbya-Guarani; Tukano, Arawak e Povos indígenas Maku; Alaká Tecelãs (Ilê Axé Opô Afonjá); Ilê Axé Iyá Nassô Oká (Casa Branca do Engenho Velho); Ana Flávia Magalhães Pinto; Ayrson Heráclito; Dia Rodrigues com a colaboração de Vilma Patrícia Santana Silva (Grupo Etnicidades FAU-UFBA); fissura coletivo; Juliana Vicente; Thierry Oussou e Vídeo nas Aldeias.