Para o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, o mercado de trabalho está sofrendo as consequências da “insanidade monetária do Banco Central”
Em fevereiro, o saldo de emprego formal no país, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) do Ministério do Trabalho, foi de 241.785 postos de trabalho, resultante de 1.949.844 admissões e 1.708.059 desligamentos no mês.
Em janeiro, o meio à desaceleração econômica, o número de empregos com carteira de trabalho criados foi 31,6% menor do que o do mesmo mês de 2022. Em fevereiro do ano passado, foram 353.294 vagas.
O mercado de trabalho brasileiro está sofrendo as consequências do que o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, classificou como “insanidade monetária do Banco Central”, ao divulgar os dados do Caged.
“Esse é o grande problema hoje. Que é a insanidade monetária do Banco Central. Eu espero que ele esqueça as razões para manutenção da Selic e analise realmente a economia brasileira para tomada de decisão em relação a próxima reunião do Copom. Não faz absolutamente nenhum sentido a manutenção dos juros no patamar que está. Isso sacrifica a indústria. Sacrifica a economia como um todo. O comércio, a geração de emprego, a retomada da economia. Portanto, espero que haja aí um nível de responsabilidade econômica e social na tomada de decisão das próximas [reuniões do Copom]”, disse Marinho, que acrescentou.
“A inflação penaliza os mais pobres, mas combater pela oferta de demanda e não pela restrição, dá este efeito esquizofrênico que está dando na economia. Não se pode pensar na inflação somente olhando na restrição do crédito. Nós precisamos da mensagem para o tomador de decisão de investimento de que as coisas vão acontecer, para ele soltar o freio dos investimentos, para crescer oportunidade de mais oferta. Fazer o mercado competir. Quando você restringe, enfim, fica este efeito de esquizofrenia que está tendo”, criticou o ministro.
Apesar de o resultado do saldo positivo do emprego no mês passado representar uma desaceleração em relação a fevereiro do ano de 2022, ele representou um avanço em relação ao mês de janeiro, quando foram criados 84.571 postos, e de dezembro de 2022, quando haviam sido fechados 440.669 postos.
Por ramos de atividade, quatro dos cinco setores pesquisados criaram empregos formais em fevereiro de 2023: Serviços (+164.200 postos), Construção (+22.246 postos), Indústria geral (+40.380 postos), Agropecuária (+16.284 postos) e Comércio (-1.325 postos).
A subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho, Paula Montagner, afirmou que o crescimento nos postos de trabalho no setor de serviços já era esperado por fator sazonal.
“No setor de serviço nós temos desempenho positivo do agregado Administração pública, Defesa, Seguridade Social, Educação, Saúde Humana e Serviços sociais. É um salto positivo de 90 mil postos, sendo que uma parte importante deles, 58.207 postos, estão na Educação, porque é o período de contratação dos professores substitutos. Não é o primeiro ano que isso ocorre e isso tem crescido praticamente em todos os Estados, que vem fazendo este movimento. Esse número é quase 10 mil postos a menos que o ano passado, mas é típico deste período do ano, explicou Montagner.
Se considerado os meses de janeiro e fevereiro, o Brasil gerou 326.356 mil vagas de emprego formal, sendo o resultado mais baixo para os dois primeiros meses do ano desde a mudança na metodologia de apuração nos dados do Caged, a partir de 2020.
O salário médio das admissões de fevereiro foi de R$ 1.978,12, queda de 2,47% em relação ao mês anterior, ou R$ 54,14 a menos.
Por ramos de atividade, as maiores quedas no salário médio das admissões foram registradas em Outros serviços (que incluem Artes, Cultura, Esporte e Recreação, Outras Atividades de Serviços, Organismos Internacionais e Outras Instituições Extraterritoriais), recuo de -9,40%; Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, queda de -4,74%; Indústria geral, queda de -3,95%, com destaque para Indústrias de transformação (-3,66%); e Serviços, -2,22%, com destaques para Transporte, armazenagem e correio (-4,57%), Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (-3,35%).