Brasil e China decidem usar moeda própria em trocas comerciais

Ricardo Botelho (Minfra)

“Esse é um esforço para reduzir os custos de transação”, afirmou a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, durante o Fórum de Negócios Brasil China, realizado na capital chinesa

Brasil e China deram mais um passo no acordo que propõe que as transações comerciais entre os dois países sejam feitas diretamente entre o real e o yuan (RMB). A China é o principal parceiro comercial do Brasil. No ano passado, o volume de transações entre os dois países atingiu o recorde de US$ 150 bilhões.

A medida, além de afastar a interferência estadunidense nos negócios entre os dois países, proporcionará uma significativa redução nos custos das transações, uma vez que a utilização do dólar como moeda intermediária as torna mais caras, essencialmente nos contratos que visam proteger um determinado investimento contra o risco de grandes variações de preços (Hedge), além da exposição das operações a um risco cambial adicional.

O acordo firmado em janeiro deste ano, por meio da assinatura de memorando que estabeleceu uma clearing house (ou Câmara de compensação) no Brasil, foi anunciado nesta quarta-feira (29). O governo da China indicou o ICBC (Banco Industrial e Comercial da China) como a instituição financeira que realizará essas transações no Brasil. Fundado em 1984 pelo governo chinês, o ICBC  é o maior banco do mundo por total de ativos, segundo a consultoria S&P Global.

“Esse é um esforço para reduzir os custos de transação”, afirmou a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, durante o Fórum de Negócios Brasil China, realizado em Pequim, capital chinesa. “É uma opção de compensação do yuan para uma moeda local, existem 25 assim no mundo, e corta custos de transação porque não passa pelo dólar”.

A vice-ministra de Comércio da República Popular da China, Guo Tingting, defendeu que a China e o Brasil precisam trabalhar juntos para manter a segurança e estabilidade das cadeias de abastecimento e industrial.

“O Brasil firmou o acordo para pagamento em yuan, o que facilita muito o nosso comércio. Vamos trabalhar ainda mais no setor de alimentos e minérios, vamos buscar possibilidade de exportação de mercadorias de alto valor agregado da China ao Brasil e do Brasil para a China”, disse Guo Tingting. 

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