Em carta, os chefes de Estado da Celac (Comunidade da América Latina e Estados do Caribe) criticam a “intransigência refletida nas declarações do governo de Israel”
O Brasil e mais 23 países da Celac (Comunidade da América Latina e Estados do Caribe) divulgaram uma declaração, no sábado (2), em que cobram um cessar-fogo imediato em Gaza.
Os chefes de Estado da Celac destacam que suas reivindicações são necessárias levando em consideração a “intransigência refletida nas declarações do governo de Israel e do agravamento da crise humanitária em Gaza”.
O documento defende que as decisões tomadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) sejam cumpridas por Israel. “Que todas as partes no conflito cumpram o direito internacional, nomeadamente no que diz respeito à proteção de civis”.
Os representantes dos países declaram ainda apoio à UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras aos Refugiados da Palestina).
EUA e alguns países europeus retiraram a ajuda financeira ao órgão, indispensável para ajudar os palestinos, após Israel dizer – sem provas – que integrantes da UNRWA colaboraram com o Hamas.
Lula, ao contrário, recusou-se a retirar o apoio e disse que iria manter sua contribuição financeira ao órgão da ONU, argumentando que tinha que investigar quem participou e não punir como um todo a entidade de ajuda humanitária. Para o presidente brasileiro, retirar a ajuda é mais um ataque cruel contra os palestinos no genocídio praticado por Israel.
Após a repercussão negativa da medida absurda, alguns países anunciaram recentemente que vão voltar a contribuir com a UNRWA.
Além de matar mais de 30 mil, cerca de 10 mil crianças e mulheres, e expulsar da Faixa de Gaza os palestinos, os genocidas israelenses pretendem matar de fome a população da região que não for assassinada pelas balas e bombas do governo carniceiro de Benjamin Netanyahu.
Na quinta-feira (29 de fevereiro), o governo criminoso israelense mandou suas tropas atirarem contra uma multidão desesperada e faminta, que buscava comida num comboio de ajuda humanitária.
Mais de 100 pessoas foram mortas e outras 800 ficaram feridas pela barbaridade israelense.
Covardemente, como é típico dos regimes tirânicos, Israel negou que atirou nas pessoas desarmadas e indefesas, apesar dos testemunhos e de vídeo mostrando a ação desumana e cruel, visando matar de fome e impedir que os palestinos se alimentem.
Na sexta-feira (1º), representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) confirmaram o atentado terrorista de Israel contra os palestinos e testemunharam que encontraram muitas pessoas com ferimentos de bala após o fuzilamento praticado por Israel.
Os representantes da ONU visitaram cerca de 200 pessoas que estão em tratamento no hospital Al-Shifa. Na ocasião, a ONU distribuiu medicamentos, vacinas, combustível e atendeu os feridos.
“Enquanto falo com vocês, este hospital está tratando mais de 200 pessoas que ficaram feridas ontem [quinta-feira]. Vimos pessoas com ferimentos de bala. Vimos amputados e vimos crianças de até 12 anos que ficaram feridas ontem”, disse o chefe do subescritório de Ocha em Gaza, Georgios Petropoulos.
Foi a primeira vez que um comboio da Organização chegou à região em mais de uma semana.
LULA
Em discurso na abertura da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), Lula voltou a denunciar a “carnificina” praticada por Israel em Gaza. Ele criticou a comunidade internacional pela “indiferença chocante” diante do massacre contra os palestinos.
Na presença do secretário-geral da ONU, António Guterres, Lula pediu aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, únicos com poder de veto, que “deixem de lados suas diferenças e ponham fim a essa matança”.
“A indiferença da comunidade internacional é chocante”, enfatizou Lula. “A tragédia humanitária em Gaza requer de todos nós a capacidade de dizer um basta para a punição coletiva que o governo de Israel impõe ao povo palestino. As pessoas estão morrendo na fila para obter comida”, acrescentou o presidente brasileiro em referência à matança de palestinos praticada por Israel na quinta-feira.
O documento dos países da Celac pede ainda a “libertação imediata e incondicional” de todos os reféns.
A declaração da Celac foi assinada pelos chefes de Estado e de governo de: Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Bolívia, Brasil, Colômbia, Cuba, Chile, Dominica, República Dominicana, Granada, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, México, Nicarágua, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Suriname, Trinidad e Tobago e Venezuela.
Já os países que não assinaram a carta são: Argentina, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Panamá, Paraguai, e Uruguai.
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