O presidente Lula estará presente na solenidade, que ocorre na próxima quarta-feira, dia 27 de março, no Rio. “O Tonelero é mais do que uma conquista tecnológica; é uma peça crucial na defesa da Pátria e da Amazônia Azul”, destacou o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen
Na próxima quarta-feira (27) a Marinha Brasileira lançará ao mar, em Itaguaí, no litoral do Rio de Janeiro, o submarino Tonelero (S42), terceiro da série Riachuelo, totalmente construído no Brasil. O ato, que contará com a presença do presidente Lula, da primeira-dama, Janja Lula da Silva, convidada para madrinha da embarcação, além de políticos do estado, empresários, militares e vários ministros, marca um grande avanço da engenharia nacional dentro do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), lançado no ano de 2008.
APRENDENDO A CONSTRUIR SUBMARINOS
O Tonelero é um submarino convencional tem propulsão diesel-elétrica e foi construído integralmente em solo brasileiro. A embarcação é equipada com seis turbos de armas capazes de lançar torpedos, mísseis antinavio e minas. O Sistema de Combate do submarino tem ainda sensores acústicos, eletro-ópticos e óticos, além de equipamentos de guerra eletrônica.
Este avanço é fruto de uma parceria estratégica estabelecida em 2008 entre o Brasil e a França, visando a transferência de tecnologia na fabricação de embarcações. Para a Marinha do Brasil, o submarino Tonelero é mais do que uma conquista tecnológica; é uma peça crucial na defesa da Pátria e da Amazônia Azul. Seu papel na salvaguarda dos interesses nacionais é inestimável, fortalecendo a soberania marítima do Brasil.
O Tonelero é um dos quatro submarinos concebidos no âmbito do Prosub. Os outros são o Riachuelo, o Humaitá e o Angostura. Eles estão em diferentes estágios de construção no estaleiro em Itaguaí, no Rio de Janeiro.
O programa prevê a transferência de tecnologia francesa para a construção de embarcações nacionais. Por isso, o Tonelero guarda semelhanças com os submarinos construídos pelo país europeu. O modelo brasileiro, entretanto, é maior que o francês, tendo 71 metros de comprimento e um deslocamento submerso de 1.870 toneladas. Dotado de quatro motores a diesel e um elétrico, ele tem uma autonomia de mais de 70 dias, podendo atingir mais de 250 metros de profundidade. A tripulação do Tonelero será composta por 35 militares.
PROJETO FOI LANÇADO EM 2008
O Programa de Desenvolvimento de Submarinos foi lançado pelo presidente Lula em seu primeiro mandato e tem gerado benefícios substanciais para o país. Além da geração de emprego e renda, destacam-se a formação de mão de obra especializada, o arrasto tecnológico, a nacionalização e transferência de tecnologia, e o desenvolvimento da base industrial de defesa. Paralelo ao desenvolvimento de embarcações convencionais, no convênio com a França, segue em andamento a construção do submarino brasileiro movido a energia nuclear.
O lançamento do submarino é um ponto alto na jornada de avanço tecnológico e estratégico do país, demonstrando o compromisso do Brasil com a defesa de suas fronteiras e a promoção da indústria nacional. “O Tonelero é mais do que uma conquista tecnológica; é uma peça crucial na defesa da Pátria e da Amazônia Azul. Seu papel na salvaguarda dos interesses nacionais é inestimável, fortalecendo a soberania marítima do Brasil”, disse o comandante da Marinha, Almirante Marcos Sampaio Olsen.
PODER DE DISSUASÃO
Em recente entrevista, o comandante da Marinha Brasileira defendeu a importância do Brasil possuir submarinos e elogiou a “visão geoestratégica” do presidente Lula. “Ao priorizar a aquisição de produtos e sistemas nacionais em toda a cadeia de produção, o Prosub fomenta o desenvolvimento de indústrias brasileiras na área de defesa, englobando setores como eletrônica, mecânica (fina e pesada), eletromecânica e química, além da área naval. Desta forma, colabora para o crescimento econômico do país, bem como para a geração de 22 mil empregos diretos e quase 40 mil indiretos”, afirmou.
Ainda sobre as vantagens do pais possuir submarinos, o almirante explicou que “ele não precisa necessariamente estar na cena de ação”. “O próprio fato do país ter a possibilidade de empregar já é motivo suficiente para obrigar que se tire meios de outras áreas para reforçar uma eventual operação adversa. Por isso, o custo benefício de operar um submarino, mesmo convencional, é positivo”, apontou.
“O emprego de um submarino, dada a sua furtividade e discrição, obriga a força adversa a empregar meios para promover a proteção do seu corpo principal e às vezes inviabiliza o seu emprego pelas simples ameaça do submarino”, acrescentou Olsen.
Ele falou dos dois primeiros submarinos já entregues e dos próximos passos. “O terceiro será lançado ao mar agora em março deste ano e o quarto em 2026”, informou o almirante.
PROGRAMA NUCLEAR DA MARINHA
O militar comentou também sobre a importância estratégica do submarino nuclear. “Sete países detém a tecnologia nuclear e o Brasil está entre eles”, destacou o almirante. “Esta é uma área em que a tecnologia é de ponta, está no fronteira do conhecimento e é também uma área em que os estados se negam a transferir tecnologia. Não há transferência de tecnologias em áreas sensíveis”, afirmou o comandante da marinha.
“O Brasil é um Estado vocacionado para o desenvolvimento e uso da energia nuclear. Nós temos reservas de urânio em 25% do território explorado. Nós já somos a sexta reserva de urânio do mundo. E há benefícios para além da área de defesa. São benefícios para a sociedade que eu reputo como relevantes. Na área da medicina nuclear. Existe um projeto de um reator multipropósito que pretende a fabricação de radioisótopos, a fabricação de radiofármacos e isso permitiria ao SUS ampliar a sua capacidade de atendimento de diagnóstico e tratamento de câncer”, prosseguiu o almirante Olsen.
“Eu reafirmo que a decisão corajosa de 2008 foi uma visão estratégica do Brasil. E eu entendo perfeitamente condizente com a estatura estratégica do país”, acrescentou. “O programa de desenvolvimento de submarinos conjugado com o programa nuclear da Marinha, que pretende a obtenção de um submarino com propulsão nuclear, tem um arrasto tecnológico absolutamente formidável”, argumentou o militar.
EMPRRGOS DE QUALIDADE
“Nós temos nesses projetos a criação de empregos, são 23 mil empregos diretos, 40 mil empregos indiretos, a participação de 23 universidades, 700 empresas, então é uma injeção de recursos na base industrial significante”, argumentou o almirante. “Há uma visão míope de que o produto de defesa se presta à destruição e que, portanto um país que comungue da solução pacífica de controvérsias ou que não perceba exatamente as ameaças pode prescindir. A questão no Brasil evidentemente não é essa”, acrescentou.
Olsen destacou também o uso da tecnologia nuclear em outras áreas, como na indústria e na agricultura. “Podemos irradiar alimentos e aumentar a vida útil desses alimentos e alcançar mercados substanciais, para além da matriz energética, que hoje, com Angra 1 e Angra 2 representa 2% da matriz energética brasileira. Podemos desenvolver reatores modulares de pequeno porte, capazes de fornecer sem gasto da transmissão dessa energia em localidades e ainda, com o calor residual, fazer a osmose da água”, defendeu.
O almirante defendeu ainda a vinculação das verbas para defesa ao crescimento do PIB. “Não existe a vinculação e isso é necessário. A área econômica é contra. Argumenta que engessa o orçamento. Mas nós dizemos que não se pode considerar um produto de defesa como uma mercadoria qualquer. Produzir um míssil é diferente de fabricar sapato”, disse o comandante.
“O Brasil desenvolveu um míssil de superfície exitoso, na última semana nós fizemos um lançamento com acerto. Com uma tecnologia complexa, vários subsistemas, fizemos lançamentos para validar. É admirável, chama-se Mansup, com tecnologia nacional”. Projetos como este não podem ser interrompidos”, completou o comandante da Marinha Brasileira.