A Associação Nacional dos Profissionais dos Correios (ADCAP) divulgou uma nota, nesta quarta feira (22), rebatendo as afirmações do governo sobre a venda dos Correios.
A nota é em resposta às notícias que apareceram durante a semana de que a multinacional americana UPS tem interesse na compra da estatal. De acordo com a entidade, “nunca tivemos dúvida de que haveria uma fila de interessados se a empresa fosse colocada à venda, pois de fato ela tem valor”.
“Certamente teríamos compradores para a Amazônia se quiséssemos vendê-la. Da mesma forma, nossos rios poderiam ser um ótimo ativo para quem olha o futuro e percebe que água potável será muito valiosa em poucos anos. A cadeira da Presidência da República também seria atrativa, se pudesse ser colocada à venda. Enfim, não é a presença de comprador interessado que motiva a venda de qualquer bem público, afinal não somos uma feira livre, mas sim um país”.
Segundo as informações veiculadas, o interesse foi relatado ao ministro da Economia, Paulo Guedes, em encontro com o presidente mundial da empresa, Nando Cesarone, durante o Fórum Econômico Mundial, que acontece do dia 21 ao 24 de janeiro, em Davos.
A nota indaga os motivos que levaria a uma privatização da empresa, uma vez que “os brasileiros dispõem de um serviço postal universalizado, que alcança todo o país, com qualidade elevada (acima de 98% de qualidade geral) e com tarifas abaixo da média mundial.”
“Por que os brasileiros deveriam, então, ser condenados a passar pelo calvário que vivem hoje os portugueses após a privatização do CTT, seguida do fechamento de agências e de uma brutal elevação de preços?”, continua a ADCAP.
“Não sabemos se a notícia procede mesmo ou se foi oferecida por algum assessor do Ministério da Economia para tirar o foco dos questionamentos que estamos fazendo sobre as mentiras que vêm sendo apresentados à sociedade a respeito dos Correios”, diz a Associação.
Para tentar justificar a venda da empresa, Guedes e seus seguidores, tentam emplacar a “narrativa” de que a estatal traz prejuízos e depende do caixa da União para se sustentar. Porém, em seus balanços financeiros dos últimos vinte anos a empresa registrou um lucro que chegou a 15,8 bilhões de reais, em valores atualizados pelo IPC.
O estatuto social dos Correios determina ainda que no mínimo 25% dos lucros da empresa têm que ser transferidos para o Tesouro. Este repasse ocorre desde 1969. Com as empresas privadas no lugar dos Correios, o governo não vai receber mais recurso nenhum.
“O vazamento conveniente chega num momento em que questionamos a série de mentiras que autoridades do governo tem plantado na mídia sobre os Correios, na ânsia de sustentar a intenção de privatizar a estatal”, alerta a ADCAP.
Os Correios estão presente em 5.570 municípios brasileiros, e realiza serviços de notória importância, como a entrega de livros didáticos nas escolas públicas para crianças e adolescentes, entrega de remédios e vacinas em hospitais e postos de saúde, entrega de urnas eleitorais nos pleitos eleitorais de forma segura, garantindo o sigilo das informações.
“Até mesmo os concorrentes sabem da importância dos Correios, pois utilizam sua infraestrutura capilar para complementar os serviços que oferecem a seus clientes.”, lembra a Associação.
Não à toa, as empresas do setor privado se valem dos serviços oferecidos pelos Correios para poder entregar suas encomendas nos locais mais distantes dos país. Essas estão presentes em apenas 340 cidades do país, atuando somente naquelas localidades que possam lhes trazer lucros.
“Os Lesa-Pátria que se apressam a tentar justificar o que não encontra respaldo técnico, econômico ou social, precisam ter suas intenções barradas pelo Congresso Nacional, que saberá evitar que aquilo que os brasileiros levaram mais de 350 anos para consolidar seja vendido como banana em feira livre”.
“O Brasil não pertence a um partido ou governo. Pertence aos brasileiros”, encerra a nota da entidade.