“Um eventual conflito, a crise entre Venezuela e Guiana, preocupa a Marinha por conta da (possível) participação de potências extrarregionais”, alertou o Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra, Marcois Olsen
O ministro da Defesa, José Múcio, disse nesta segunda-feira (11), em conversa com jornalistas, que o governo vê com preocupação o contencioso entre Venezuela e a Guiana. Ele mostrou-se preocupado com a possibilidade de confronto entre os vizinhos. “Pelo Brasil, as Forças Armadas da Venezuela não passam”, disse o ministro.
“O presidente está ciente dos problemas”, acrescentou. O Brasil tem feito grandes esforços diplomáticos para evitar a radicalização do contencioso. Lula chegou a telefonar para Maduro. Já há uma reunião acertada entre os dois presidentes, da Guiana e da Venezuela, para uma tentativa de acordo.
O presidente da Venezuela Nicolás Maduro realizou um referendo e tem ameaçado a Guiana de invasão para incorporar uma área de 160 mil km², rica em petróleo e gás natural. O problema é que o Exército venezuelano teria de atravessar o Estado de Roraima. O ministro da Defesa descartou essa opção. “Eles chegarão à Guiana passando — se passasse — por território brasileiro, o que nós não vamos permitir em hipótese nenhuma”, destacou.
O Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra, Marcois Sampaio Olsen, também comentou a situação envolvendo Venezuela e Guiana e disse que a maior preocupação atualmente é a possível participação de potências de fora da região.
“Um eventual conflito, a crise entre Venezuela e Guiana, preocupa a Marinha por conta da (possível) participação de potências extrarregionais”, disse, em almoço com jornalistas. “Não é confortável para nenhum Estado ter qualquer tipo de incidente no seu entorno”, afirmou.
Há a previsão de que Maduro e o presidente da Guiana, Irfaan Ali, se reúnam em São Vicente e Granadinas, arquipélago do Caribe próximo aos dois países, na próxima quinta (14). Lula foi convidado, mas ainda não confirmou presença e deve mandar um representante do Itamaraty.
O território em litígio, de Essequibo, foi declarado guianês em um tratado de 1899. No início do mês, a Corte Internacional de Haia concordou com o argumento guianês e concedeu liminar contra o referendo de Maduro.