Presidente afirmou, em entrevista à imprensa chinesa, que o país não quer “ser vendedor nem só de commodities ou vendedor de empresa estatal”
Em entrevista à rede de televisão estatal chinesa CCTV, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil não irá vender mais empresas estatais e reforçou que a parceria com a China busca incentivar a retomada da reindustrialização no Brasil.
“Não queremos ser vendedor nem só de commodities ou vendedor de empresa estatal”, afirmou Lula, conforme transcrição da conversa liberada pelo governo brasileiro.
“O que o Brasil quer propor à China é que nós precisamos construir uma centena de coisas novas. Que passa por rodovia, por ferrovia, por portos, aeroportos, que passa por novas indústrias, que passa por empresas de químicas, que passa por investimentos novos”, disse o chefe do executivo.
Durante sua visita oficial à China, o presidente Lula e o presidente da China, Xi Jinping, assinaram 20 acordos comerciais, entre eles, o Plano de Cooperação Espacial (2023-2032) entre a Administração Espacial Nacional da China (AENC) e a Agência Espacial Brasileira (AEB).
Para a ministra Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, “a visita da comitiva do presidente Lula estabelece outro patamar das relações entre Brasil e China, com a disposição de fazer uma política de cooperação cada vez mais acentuada”, disse a ministra, ao destacar que o Brasil está “se reinserindo no cenário mundial de oportunidades, com cultura de paz e com uma agenda que defende os interesses nacionais”.
O governo brasileiro e o chinês assinaram no campo científico e tecnológico o protocolo complementar do CBERS-6, que prevê, de forma conjunta, o desenvolvimento, fabricação, lançamento e operação do satélite, que possui uma nova tecnologia.
O Radar de Abertura Sintética (SAR) irá aperfeiçoar o monitoramento da Amazônia, complementando os dados fornecidos pelos satélites de sensoriamento remoto em operação (CBERS-4, CBERS-4A e Amazônia-1).
O maior benefício da tecnologia SAR é a geração de dados em qualquer condição climática e através de nuvens. Também foi assinado sobre cooperação em pesquisa e inovação e de cooperação em tecnologias da informação e comunicação, entre os dois países.
Para a promoção do investimento e cooperação industrial, foi chancelado um memorando de entendimento entre o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil e a comissão nacional de Desenvolvimento e Reforma da China.
Outro memorando foi assinado entre o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, que criou um grupo de trabalho de facilitação de comércio entre os países. Outro acordo também foi assinado no intuito do fortalecimento da cooperação em investimentos na economia digital entre os ministérios equivalentes dos dois países.
Na disposição para o desenvolvimento social e rural e de combate à fome e à pobreza foi assinado memorando de entendimento entre o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à fome, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Brasil e o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China.
Também foram estabelecidos o Plano de trabalho Brasil-China de cooperação na certificação eletrônica para produtos de origem animal e o Protocolo entre o Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil e a Administração-geral de Aduanas da China, sobre requisitos sanitários e de quarentena para proteína processada de animais terrestres a ser exportada do Brasil para a China.
O Ministério das Comunicações e a Agência Nacional de Telecomunicações do Brasil firmaram memorando de entendimento sobre cooperação em informação e comunicações com o Ministério da Indústria e Tecnologia da informação da China.
A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) fechou um acordo de cooperação entre a agência de notícias Xinhua.