“Brasil quer processar minerais críticos e não exportar commodity”, afirma Lula

Lula na Indonésia (Foto : Yasuyoshi Chiba / AFP)


“Apesar de termos somente 30% da riqueza mineral mapeada no país, já temos 10% das reservas de minerais críticos para a transição energética”, apontou o presidente

O presidente Lula afirmou, nesta quinta-feira (23), que o Brasil quer refinar minerais críticos em seu território, não os exportar como commodity. Esses minerais hoje são muito importantes para uso em equipamentos de alta tecnologia em áreas como comunicações e defesa e estão no centro da disputa geopolítica atual.

Lula destacou que o país precisa mapear os seus recursos nesta área. “Apesar de termos somente 30% da riqueza mineral mapeada no país, já temos 10% das reservas de minerais críticos para a transição energética. A criação do Conselho Nacional de Política Mineral será um passo muito importante para garantir nossa soberania”, disse em fórum econômico em Jacarta, capital da Indonésia.

“A experiência indonésia de incentivar o processamento do minério bruto em seu território é importante exemplo de como atrair investimento e gerar emprego. Não queremos reproduzir a condição de meros exportadores de commodities. Queremos agregar valor em nosso território, com responsabilidade ambiental e respeito às comunidades locais”, acrescentou o presidente. A fala acontece às vésperas de encontro com o presidente dos EUA, Donald Trump, quando o assunto deverá entrar na pauta.

Entre os minerais críticos, onde se encontram o lítio, o níquel, o cobalto, o cobre, o grafite, o nióbio, etc, estão as chamadas “terras raras”, composta de outros 17 componentes que atualmente estão majoritariamente sob controle chinês. O Brasil possui a segunda maior reserva mundial de terras raras, mas não processa este material internamente. Empresas estrangeiras exploram as reservas ativas no Brasil e exportam para a China, que hoje é responsável sozinha por 92% de todo o refino de terras raras no mundo.

Na mesma ocasião, durante a viagem à Indonésia, o presidente Lula voltou a defender que o comércio entre os países seja feito em moedas locais. Ele aponta que não deve haver obrigatoriedade do uso do dólar, entre os membros dos BRICS (os principais países do chamado “Sul Global”, ou “Maioria Global”). “No âmbito dos BRICS, o PIX e o QRIS [ferramenta indonésia de pagamentos instantâneos] oferecem pagamentos acessíveis, que podem inspirar medidas de facilitação do comércio em moedas locais entre os países do bloco”, disse o residente Lula.

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