
Projeto dos senadores bolsonaristas ainda quer abrir mão de vistos de turistas para Canadá e Austrália. Em carta, Ministério das Relações Exteriores se manifestou contra
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil se posicionou, através de sua assessoria parlamentar, de forma contrária à proposta de senadores bolsonaristas para permitir a entrada de cidadãos dos Estados Unidos, Canadá e Austrália no Brasil sem visto, sem que a recíproca seja verdadeira.
Para o Itamaraty, “a retomada da exigência de vistos de visita para cidadãos dos países indicados restabeleceu os princípios da reciprocidade e da igualdade de tratamento, alicerces da política migratória brasileira”.
O Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 206/2023, que foi aprovado no Senado Federal na quarta-feira (19), suspende uma decisão do governo Lula de voltar a exigir visto para cidadãos destes países, uma vez que eles também o exigem para os brasileiros.
A partir de abril de 2025, a emissão dos vistos também aconteceria mediante o pagamento de US$ 80,90 (aproximadamente R$ 457), o que também fica impedido pelo PDL. O projeto, de autoria de Carlos Portinho (PL-RJ) e relatoria de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), agora segue para discussão e votação na Câmara.
Atualmente, um brasileiro que deseja visitar os Estados Unidos deve pagar US$ 185 (cerca de R$ 1.045) para tentar tirar o visto de turista.
Para o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo na Casa, essa proposta “é a afirmação da subserviência. Minha discordância é pelo princípio da reciprocidade. Isto desqualifica a condição de patriota a qual alguns tantos citam. É a submissão de interesses externos”.
Apesar de defender o texto, o relatório de Flávio Bolsonaro cita que o número de turistas vindos dos Estados Unidos continuou subindo, mesmo com a exigência de visto. Em 2023, foram 668 mil turistas norte-americanos, enquanto em 2024 foram 728 mil.