
A despedida do cantor, compositor e multi-instrumentista Arlindo Cruz neste fim de semana (9 e 10) se realizou com a marca do artista e com tudo que ele amava e prezava, rituais da religião afro-brasileira, muito samba, batucada, muitos amigos, quadra de escola de samba, Madureira.
Centenas de pessoas passaram pelo velório do artista, na quadra da escola de samba Império Serrano, em Madureira, na Zona Norte do Rio, que começou na noite de sábado e se estendeu durante toda a madrugada com muita música e homenagens. Um dos momentos mais emocionantes foi quando o filho, Arlindinho, tocou cavaquinho e cantou vários sucessos do pai, entre eles, “O Show Tem Que Continuar”, composição de Arlindo com Luís Carlos da Vila e Sombrinha.
O enterro do sambista, no início da tarde deste domingo, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio, foi reservado à família e a alguns amigos.
“Meu pai, até na hora de partir, foi ensinamento, de sempre lutar, lutar pela vida, lutar para estar aqui, para estar perto dos filhos, perto de quem ama. Mas ele vai estar sempre vivo. O legado dele tá aí, a obra, os ensinamentos dele estão aí”, disse Arlindinho.
“Meu pai fazia do pior momento, o momento mais especial. Ele extraía o melhor até da pior situação”, acrescentou.
“É muita vida juntos… Ele é padrinho do meu filho”, disse o cantor e compositor Zeca Pagodinho, emocionado.
Arlindo Cruz foi um dos mais importantes sambistas de uma geração de artistas que marcou a cultura do nosso país. Iniciou sua carreira nas rodas do Cacique de Ramos, ao lado de nomes como Jorge Aragão, Beto sem Braço, Almir Guineto, Zeca Pagodinho, Marquinhos Satã, Sombrinha, Jovelina Pérola Negra e Luiz Carlos da Vila, entre outros. Integrou o grupo Fundo de Quintal, quando começou a fazer sucesso e se consolidar como uma dos grandes intérpretes de samba, além disso, foi compositor inspirado, tocava banjo e cavaquinho, além de outros instrumentos.
Quando deixou o Fundo de Quintal para seguir a carreira solo, se consagrou, levando multidões às suas apresentações. Nas palavras de Beth Carvalho, era “um sambista completo”.
O artista morreu no Rio, de falência múltipla dos órgãos, após lutar desde 2017 contra as sequelas de um acidente hemorrágico.
“Mais do que um artista, Arlindo foi um poeta do samba, um homem de fé, generosidade e alegria, que dedicou sua vida a levar música e amor a todos que cruzaram seu caminho. Sua voz, suas composições e seu sorriso permanecerão vivos na memória e no coração de milhões de admiradores”, afirmou a família do sambista em nota após o seu falecimento.