
Governo pediu ainda a implementação da solução de 2 Estados. “Um Estado da Palestina independente e viável, convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança”
O governo brasileiro condenou, por meio de nota do Itamaraty, “nos mais fortes termos” o ataque realizado, nesta terça-feira (9), por Israel à área residencial em Doha, capital do Catar.
O Brasil classificou o incidente como “flagrante violação à soberania” do país alvo e “aos princípios mais fundamentais do direito internacional”. Na avaliação da diplomacia brasileira, a ação “ameaça provocar nova escalada de tensões no Oriente Médio”, consta da nota do Itamaraty.
Ataque teria atingido alojamento de membros do Hamas que estavam envolvidos nas negociações de cessar-fogo. A informação foi apurada pela Reuters, com base em declarações do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al Ansari. O país árabe tem atuado como mediador para tentar encerrar o morticínio de Israel sobre a Faixa de Gaza, que completa quase 2 anos.
“Ao alvejar membros da liderança política do Hamas envolvidos em negociações mediadas por Catar, Egito e Estados Unidos, o ataque também prejudica os esforços para se alcançar acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza”, escreveu o Itamaraty, em nota.
CESSAR-FOGO PERMANENTE
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil pediu que Israel cesse “imediatamente ações militares contra os países da região”.
E também apelou por “cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza, incluindo a retirada completa das forças israelenses daquele território”, e do restante das terras palestinas, do Líbano e da Síria, bem como a “libertação dos reféns remanescentes” e o livre trânsito de ajuda humanitária.
Itamaraty ainda pediu a implementação da solução de 2 Estados. “Um Estado da Palestina independente e viável, convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança”, concluiu o governo brasileiro.
ATAQUE “COVARDE”
O governo do Catar condenou o ataque “covarde” de Israel. “O Estado do Catar condena com veemência o ataque covarde israelense que teve como alvos edifícios residenciais onde vários membros do gabinete político do Hamas estão alojados na capital catari, Doha”, divulgou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed al Ansari, em publicação no X.
Diplomata catari também chamou ofensiva israelense de “criminosa”. Ansari afirmou que o Catar “não tolerará esse comportamento irresponsável de Israel e a contínua desestabilização da segurança regional, nem qualquer ato que ameace sua segurança e soberania”.
Escreveu ainda que o país abriu investigação e classificou a ação israelense de “violação flagrante do direito internacional”.
Leia íntegra da nota do Itamaraty:
“Ataque israelense a Doha, Catar
O governo brasileiro condena, nos mais fortes termos, o ataque realizado por Israel hoje, 9 de setembro, contra área residencial na cidade de Doha, capital do Catar.
O governo brasileiro transmite ao Estado do Catar manifestações de solidariedade em face do ataque israelense, que constitui flagrante violação à soberania do Catar e aos princípios mais fundamentais do direito internacional.
A ação – que ocorre em meio à continuidade de ofensivas militares israelenses contra os territórios do Estado da Palestina, do Líbano e da Síria – ameaça provocar nova escalada de tensões no Oriente Médio.
Ao alvejar membros da liderança política do Hamas envolvidos em negociações mediadas por Catar, Egito e Estados Unidos, o ataque também prejudica os esforços para se alcançar acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza.
O Brasil insta todas as partes envolvidas ao exercício da máxima contenção e exorta o governo israelense a interromper imediatamente as ações militares contra os países da região. Reitera, ademais, o apelo por cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza, incluindo a retirada completa das forças israelenses daquele território, pela cessação imediata das operações miliares israelenses na Faixa de Gaza e no restante do território do Estado da Palestina, bem como nos territórios do Líbano e da Síria, pela libertação dos reféns remanescentes e pelo levantamento imediato de todas as restrições à entrada e distribuição de ajuda humanitária.
Ao recordar a necessidade de pleno respeito às resoluções das Nações Unidas que exigem o fim imediato da ocupação do território palestino, o Brasil expressa a convicção de que a paz e a estabilidade no Oriente Médio dependem da implementação da solução de dois estados, com um Estado da Palestina independente e viável, convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro das fronteiras de 1967, incluindo a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital.”