
Será a partir de 2025. Lula não estará na 16ª Cúpula do grupo em Kazan, na Rússia, após sofrer acidente doméstico, mas participará por vídeoconferência
Os BRICS, bloco econômico composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, realiza nos próximos dois dias a 16ª Cúpula do grupo em Kazan, na Rússia.
De 22 a 24 de outubro, o bloco realiza o evento com a participação de representantes de mais de 30 países da Ásia, África, Oriente Médio e América Latina. O bloco, que se transformou no BRICS +, com a adesão da Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes, Etiópia e Egito, já registra o pedido de entrada de mais de 30 países.
O presidente Lula assumirá a presidência dos BRICS em primeiro janeiro de 2025. O bloco já é o mais importante do mundo, do ponto de vista econômico e geopolítico, rivalizando com os principais países do mundo que integram o G7. Em 2023 a parcela da produção do bloco em relação ao total da produção mundial atingiu 37,4%, enquanto a produção do G7, formado pelas antigas potências mundiais, caiu para 29,3% do PIB mundial.
O BRICS + mudou as normas de relacionamento entre os países mantendo, diferentemente das organizações lideradas pelos EUA, o respeito pela autonomia e pelas opiniões de seus integrantes. O grupo já responde por cerca de um quarto das exportações globais de bens, enquanto as empresas dos países da associação dominam muitos mercados importantes, incluindo recursos energéticos, metais, alimentos, ou seja, mercados para aqueles bens sem os quais o desenvolvimento econômico sustentável é impossível.
O presidente Vladimir Putin, atual presidente do BRICS, e anfitrião do encontro, afirmou na sexta-feira (18), em entrevista antes da abertura do evento, que o BRICS é hoje o novo “motor do desenvolvimento global”. Ele disse que o bloco “não é contra ninguém”. “Não somos contra o ocidente, mas não somos como o ocidente. Somos a favor do respeito e do desenvolvimento de seus integrantes”, disse Putin.
“Por exemplo, vamos pegar 1992 – [a fatia do] Grupo dos Sete [Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá] era de 45,5%, e no mesmo ano os países do BRICS [respondiam por] 16,7% do PIB global. E agora? Em 2023 nossa associação [responde por] 37,4%, e a do G7 é de 29,3%. A diferença está aumentando e aumentará, isso é inevitável”, observou o líder russo.
“É bastante óbvio que esse papel também aumentará no futuro. Os países que fazem parte da nossa associação são, de fato, os motores do crescimento econômico global. E é no BRICS que o principal aumento do PIB global será gerado no futuro próximo”, frisou o presidente russo.
O presidente Lula teve que cancelar sua presença por causa de um acidente doméstico e participará do encontro por videoconferência. Nesta segunda-feira (21), o grupo realiza sua primeira reunião ampliada em Kazan. O encontro almeja discutir temas que refletem as mudanças na geopolítica mundial. Entre elas, a inclusão de novas nações como parceiras, as tensões no Oriente Médio e o fortalecimento da cooperação política e financeira entre seus membros. Este cenário de discussões estabelece o palco para reformas significativas nas estratégias de colaboração global do bloco.
De acordo com o Itamaraty, o tema central da cúpula deste ano é a aprovação da criação da categoria de países “parceiros” do BRICS. Pela norma vigente, o bloco conta somente com países efetivos. Pelas regras de rotatividade, o Brasil deveria ter assumido a presidência do bloco neste ano. No entanto, como também assumiu a presidência do G20, que reúne as 20 principais economias do mundo, o país adiou em um ano o comando do BRICS, e a Rússia o chefiou em 2024.
A partir do ano que vem, sob o lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, a presidência brasileira do grupo deverá pautar discussões sobre: reforma das instituições de governança global; promoção do multilateralismo; combate à fome e à pobreza; redução da desigualdade; promoção do desenvolvimento sustentável.