A jovem Shahed Al-Banna, de 18 anos, se mudou para Gaza há um ano e meio para acompanhar a mãe que teve câncer e foi se despedir dos parentes no país de origem. Ela denunciou o genocídio de Netanyahu contra os palestinos
A brasileira Shahed Al-Banna, de 18 anos, que foi repatriada da Faixa de Gaza pelo governo brasileiro, mostrou-se muito preocupada com a situação dos que ficaram na região. A população civil de Gaza está sendo massacrada pelas bombas lançadas pela ditadura israelense. Mais de 12 mil pessoas já morreram, sendo metade delas crianças.
Ela disse que não vai ficar calma enquanto as pessoas que ficaram não puderem sair. “O que eu tô mais pensando agora, o que eu tô mais querendo, é tentar ajudar o resto do brasileiros que estão na Faixa de Gaza ainda e o resto da minha família, presos ainda, porque a situação ainda está muito difícil, então não vou ficar calma até eles saírem de lá”, disse a jovem o site UOL.
A jovem Shahed morou na capital paulista, mas se mudou para Gaza há um ano e meio para acompanhar a mãe que teve câncer e foi se despedir dos parentes no país de origem. A mãe de Shahed morreu quando elas chegaram em Gaza. Ela fala da mãe e do colar com a bandeira da Palestina que ela deixou como lembrança. “Muito importante porque comprei com minha mãe”, disse.
Ela esteve com o presidente Lula na chegada ao Brasil. O presidente disse a ela que retomasse os estudos porque isso é muito importante. Ela disse que sonha em começar a faculdade que foi interrompida com o início da guerra contra os palestinos. “Eu estava começando a fazer faculdade lá, mas começou a guerra, então não consegui começar direitinho”, afirmou, sem saber ainda que curso vai fazer. “Eu sempre pensei em ser piloto de avião”, disse a jovem.
Durante o tempo em que permaneceu como refém de Israel, Shahd al-Banna, fez relatos dramáticos sobre a situação na região. Ela denunciou vários crimes cometidos por Netanyahu, inclusive o uso de armas proibidas. “A maioria das crianças está doente por causa dos bombardeios. Agora já são 12 mil pessoas que morreram, a maioria são crianças”, afirma a jovem.
Ela disse na ocasião que “não há um lugar seguro. Os bombardeios não param, em todo lugar. O tempo todo temos entes que morrem”. “A maioria das crianças está doente. Por causa dos bombardeios que aconteceram no norte, cheiramos muito fósforo branco. Eu estou sentindo muita saudade de beber água limpa, você não tem noção”, disse a jovem.
HASAN RABEE
Outro brasileiro que também conversou com Lula e discursou na chegada em Brasília foi Hasan Rabee, de 30 anos, que nasceu em Gaza e tem cidadania brasileira. Ele encontra nesta quarta-feira (15) o restante da sua família em São Paulo. Hasan disse que vai retomar seu trabalho de comerciante. “Vamos voltar a trabalhar e ao mesmo tempo, sábado e domingo, passear”.
Hasan saiu de São Paulo para visitar a mãe no final de setembro e não conseguiu retornar ao Brasil com o início da guerra. Nas primeiras semanas do conflito, disse para suas filhas que as bombas eram comemoração de festas de aniversário — sem ter como manter essa versão, conta que o clima era de muito de medo quando aviões israelenses se aproximavam.
Hasan agradeceu muito ao presidente Lula pelo retorno de todos e foi duro quando falou do que está ocorrendo em Gaza. “O que está acontecendo lá é um verdadeiro massacre”, denunciou Hasan, quando Lula deu a palavra a ele. Ele já tinha dito em vídeo que a situação de Gaza era de horror. “Vocês nem imaginam o sofrimento que o povo passa, com criança e sem água e sem luz, muita gente morrendo, passando fome”, denunciou o paulista Hasan Rabee, que tinha ido visitar a família em Gaza e não conseguiu mais sair.
Na ocasião ele tinha dito também que as pessoas estavam sem comida. “Além do sofrimento causado pelos bombardeios, o mais difícil agora é encontrar comida. É quase impossível! Muita gente está passando fome. É um terror”, denunciou Rabee.“As crianças estão morrendo sob os bombardeios de Israel”, prosseguiu Hasan. A mãe e a irmã dele ficaram em Gaza e aguardam a autorização de Israel para que elas consigam sair da região. Nesta terça, Hasan ainda não tinha conseguido falar com elas.