“Vocês nem imaginam o sofrimento que o povo passa, com criança e sem água e sem luz, muita gente morrendo, passando fome”, denunciou o paulista Hasan Rabee, que tinha ido visitar a família em Gaza e não conseguiu mais sair
O comerciante brasileiro Hasan Rabee, de 30 anos, morador de São Paulo, que foi visitar a família em Gaza, continua proibido por Israel de sair da região e denuncia o clima de horror que está vivendo sob as bombas de Netanyahu. Ele disse, em vídeo, divulgado pelo site UOL, que está procurando alimentos ao mesmo tempo que foge das bombas.
“Além do sofrimento causado pelos bombardeios, o mais difícil agora é encontrar comida. É quase impossível! Muita gente está passando fome. É um terror”, denunciou Rabee.
“Vocês nem imaginam o sofrimento que o povo passa, com criança e sem água e sem luz, muita gente morrendo, passando fome. Uma tristeza, espero que ninguém passe por isso”, afirmou o brasileiro. Ele e mais 33 pessoas aguardam autorização de Israel para deixar Gaza pela fronteira com o Egito.
O grupo é composto por 18 crianças, 10 mulheres e 6 homens. São 24 brasileiros, sete palestinos com RNM (Registro Nacional Migratório) e três palestinos. Já são seis listas de pessoas autorizadas a deixar Gaza e os brasileiros continuam retidos.
Ele, a esposa e as duas filhas estão com mais de dez familiares que deixaram o norte de Gaza e se acomodaram na casa da mãe dele, em Khan Yunis, no sul da região. Rabee diz que está sem energia, água encanada e gás de cozinha.
“Mais de 30 dias de guerra, de conflito, e não encontramos gás. Energia não existe mais, água encanada também não. Infelizmente, não há previsão para chegar. A farinha que a gente usa para fazer pão não existe mais no mercado. Macarrão e enlatados a gente não encontra”, descreveu.
“Estamos fazendo uma refeição por dia”, prosseguiu. “Quando elas [filhas] estão com fome, comem pepino porque é mais barato.” Segundo o brasileiro, a alimentação da família é composta basicamente por pães, salada e legumes. Eles estão utilizando madeira, em fornos a lenha.
“Muita gente não tinha lenha para fazer essas comidas. Cada dia, piora mais ainda. Na minha casa já não existe mais gás. Os restaurantes estão fazendo comida para doações em escolas, onde tem lugar com bastante gente”, contou.
Rabee diz que a falta de água é outro problema que atinge parte da população de Khan Yunis. “Cada dia é pior do que o outro. Água encanada a gente já não tinha, nem mineral. Só teremos para poucos dias. Agora, nem água salgada temos”, denunciou.