Do outro lado da fronteira um avião da FAB os aguarda. A viagem, porém, é muito perigosa. Na madrugada, um ataque terrorista de Israel com mísseis atingiu um comboio de civis que fazia o mesmo trajeto, do norte ao sul, e deixou 70 pessoas mortas, entre bebês e mulheres
Mesmo com a recusa do regime de Israel em permitir um corredor humanitário, o grupo de 19 brasileiros que tenta deixar a Faixa de Gaza conseguiu embarcar novamente em um ônibus fretado pela Embaixada do Brasil na Palestina e chegou ao sul do território neste sábado (14), segundo o embaixador brasileiro, Alessandro Candeas.
Não houve acordo na reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, convocada pelo governo brasileiro na sexta-feira (13) e os bombardeios de Israel contra a população civil palestina continuam. A viagem dos brasileiros havia sido adiada por conta de novos bombardeios, mas no sábado eles conseguiram chegar à cidade de Khan Younes, no sul, e aguardavam sinal verde da Embaixada do Brasil na Palestina para seguir até a fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito.
Durante a sexta-feira, crianças brasileiras fizeram apelos dramáticos por vídeo por ajuda e denunciando que estavam sem luz, sem alimentos e sem água. Os brasileiros estavam abrigados na escola Rosary Sisters School, ao norte de Gaza. O regime de terror israelense deu um prazo de 24 horas para que um milhão de pessoas deixassem suas casas no norte de Gaza e rumassem para o sul. Ao mesmo tempo os bombardeios continuavam matando mulheres e crianças palestinas.
Em Khan Younes, os brasileiros foram levados ao prédio no qual também vive uma família brasileira. Eles ficarão lá, segundo a Embaixada, enquanto esperam para cruzar a fronteira e embarcar, já no Egito, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que os levará ao Brasil.
Um dos desafios para cumprir essa trajeto é que o grupo pode ter agora uma janela de poucas horas para conseguir cruzar a fronteira.
O Egito concordou em abrir a fronteira entre o sul de Gaza e o Egito – que está fechada desde o início dos bombardeios de Israel. Ainda não há a garantia por parte de Israel que não haverá bombardeios. Por isso, o grupo de brasileiros deve esperar até domingo para tentar atravessar a fronteira já que noite já caiu e Gaza e as autoridades consideram perigoso trafegar com o ônibus durante a noite.
O trajeto entre o abrigo de onde o grupo saiu, no norte de Gaza é de apenas 25 quilômetros – em tempos normais, duraria cerca de 30 minutos. Mas a previsão era de que a viagem poderia durar até duas horas caso houvesse bombardeios. Nesta madrugada, um ataque terrorista de Israel com mísseis atingiu um comboio de civis que fazia o mesmo trajeto, do norte ao sul, e deixou 70 pessoas mortas, entre bebês e mulheres.
O avião da Força Aérea Brasileira enviado pelo governo brasileiro para resgatar os compatriotas que estão ameaçados e trazê-los de volta ao Brasil está em Roma, na Itália, e aguarda que o grupo cruze a fronteira para voar o Egito. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou na sexta-feira (13) que o embarque será realizado em um local no Egito perto da fronteira com a Faixa de Gaza, e não mais na capital, Cairo.