Desemprego, juros altos e inflação afetam o orçamento das famílias, aponta Serasa. Além de dívidas com bancos, falta dinheiro para pagar água, luz e telefone
O número de pessoas inadimplentes no Brasil chegou a 66,6 milhões em maio, segundo dados da Serasa Experian. Este é o maior número de devedores desde que o levantamento começou em 2016. A soma das dívidas chega a R$ 278,3 bilhões, uma média de R$ 4.179,50 por dívida.
Com o desemprego e grande parte dos quem têm trabalho vendo seus rendimentos sucumbirem frente à alta generalizada dos preços da alimentação e perdas salariais, houve um incremento de 4 milhões de pessoas no cadastro da inadimplência na comparação anual. Só neste ano, o número de negativados aumentou em 1,8 milhão de pessoas.
“É um cenário esperado, uma vez que a situação econômica do país ainda é de muita instabilidade, com a inflação, taxa de juros e os níveis de desemprego em alta”, destaca o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.
Por segmento, o maior volume de dívidas dos consumidores está concentrado no setor financeiro, no caso, bancos e cartões de crédito, representando 28,2% – primeiro colocado entre as dívidas -, e empresas de financiamento, com 12%.
“Certamente são as famílias tentando fechar o orçamento. Esses recursos não estão indo para o consumo, porque o comércio está crescendo de forma preguiçosa”, avaliou o economista sênior da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes, ao observar um crescimento da demanda por crédito, mesmo com juros subindo.
O segmento de contas básicas (água, luz e gás), com 22,7%, está em segundo lugar entre as dívidas. Em terceiro, vem o Varejo, com 12,5%.
A Serasa também aponta que o Estado de São Paulo concentra o maior número de inadimplentes (15,6 milhões), seguido de Rio de Janeiro (6,7 milhões), Minas Gerais (6,3 milhões), Bahia (4,1 milhões) e Paraná (3,5 milhões). O Estado com menor quantidade de consumidores endividados é Roraima (218,9 mil).