“Uma bomba. Tonelada, tonelada. Destruíram uma vila inteira”, contou Hasan Rabee, naturalizado brasileiro e que mora em São Paulo
Brasileiros que estão presos por Israel na Faixa de Gaza relatam bombardeios a poucos metros de distância, falta de suprimentos básicos e medo constante.
O governo do Brasil está tentando resgatar 26 pessoas que estão na fronteira de Gaza com o Egito, mas estão bloqueados pelo governo sanguinário de Israel.
Hasan Rabee é naturalizado brasileiro e mora em São Paulo, mas foi visitar parentes na Palestina poucos dias antes do começo da guerra. Desde então, está preso em Gaza. Atualmente, ele está em Khan Yunis, a cerca de 10km da fronteira com o Egito.
Em um dos vídeos que gravou no local, mostrou que os bombardeios de Israel estão atingindo casas e matando civis.
“Estou gravando aqui, não longe da minha casa, 1 minuto, 50 metros, um terror completo o que está acontecendo. Uma bomba. Tonelada, tonelada. Destruíram uma vila inteira”, contou ao Fantástico da TV Globo.
Segundo ele, “não existe lugar seguro na Faixa de Gaza. Um terror completo o que está acontecendo”.
Hasan mostrou um local onde 50 palestinos, que não tinham qualquer ligação com o Hamas (Movimento de Resistência Islâmico), morreram por conta de um bombardeio. “Ficaram dois dias retirando esses mortos. Triste, absurdo”. “Mais ou menos 50 mortos no local. Ficaram dois dias retirando esses mortos”, contou.
Na quinta-feira (19), familiares palestinos de Hasan, como seu primo, a esposa, os filhos e netos, foram mortos em um ataque de Israel.
“Teve um bombardeio perto da casa deles e o prédio inteiro foi destruído. Era um cidadão do bem, trabalhador, não tem nada a ver com isso. Não sei nem quantas crianças têm de morrer para parar essa guerra e os ataques contra civis aqui na Faixa de Gaza”, contou.
Hasan Rabee fez um apelo para que outros parentes seus possam ser levados para o Brasil junto com ele nos voos de resgate organizados pelo Itamaraty e pela Força Aérea Brasileira (FAB).
“Absurdo eu chegando lá [no Brasil] e vida boa. E minha mãe aqui, sem água, sem luz, sem nada. Pelo menos sinto que ela vai estar em um lugar seguro no Brasil”, disse.
Por conta dos bombardeios israelenses contra a passagem de Rafah, os brasileiros ainda não puderam ser repatriados. Mais de 1.100 brasileiros que estavam em Israel já voltaram para o Brasil através da operação “Voltando em Paz”.
BRASILEIRA DE 18 ANOS NÃO PODE SAIR DE GAZA
A brasileira Shahed Al-Banna, de 18 anos, morava em São Paulo, mas se mudou para Gaza. Ela também tem feito gravações e contado para o mundo sobre a destruição que Israel tem realizado na Palestina e da situação a que tem submetido essa população.
Shahed teve que sair do norte de Gaza, onde morava, em direção ao sul devido às ordens de evacuação e ameaças feitas por Israel. Hoje, ela está em Rafah, próxima da fronteira com o Egito.
No domingo (22), ela gravou um vídeo contando a dificuldade que as famílias estão encontrando para conseguir água e comida. Também está faltando combustível, o que os obriga a usar cavalos para transporte.
“A gente comprou água hoje. Compramos um tanque de gás [bomba] para transferir a água de um tanque para outro, que vamos usar dentro da casa. Como não tem transporte, então a gente usou um cavalo para buscar o tanque com a água. É muito difícil achar água. Muito difícil”, contou.
Em um vídeo, ela mostrou que estava “tudo destruído. Olha ali a minha faculdade, tudo destruído”. Shahed relatou ter perdido muito peso por conta da ansiedade de estar em meio a bombardeios.
A palestina Noura Bader, de 37 anos, viveu no Brasil como refugiada e estava morando na Faixa de Gaza desde fevereiro. Um de seus filhos nasceu no Brasil.
Noura e seus familiares também estão na lista de pessoas que serão resgatadas. “Não tem água, não tem comida, não tem pão. Só hoje [sábado] consegui comprar”, disse.